sexta-feira, 20 de novembro de 2009

TRABALHO COM PALMA




TRABALHO COM PALMA

“EMPREITA”

De Alfredo Mingau

O meu grande amigo Costeleta, Maurício, em comentário, solicitava-me um trabalho escrito sobre a “palma”. Resolvi aceder e aqui está a minha pesquisa sobre este tema.

A “palma” produzida por palmeiras anãs, cresce no mato do barrocal Algarvio. Estou-me a referir à palma que é utilizada no fabrico de artesanato.
Porque a produção era inferior à procura, houve a necessidade de importar o produto quer de Marrocos em navios costeiros, quer da Andaluzia, no Sul de Espanha. De cor levemente esverdeada, passava para o branco em banhos de enxofre, podendo ser tingida com diversas cores.
Em Faro existiam alguns armazéns de comerciantes deste produto, onde guardavam os seus stoks. Recordo um deles, de nome Viegas, que era apelidado por o “Viegas da Palma” que, se a memória não me falha, possuía um armazém na Rua Heliodoro Salgado, junto da antiga fábrica da moagem.
Esta matéria prima era utilizada no fabrico de artesanato com o nome de “empreita”. A palavra “empreita” era derivada da palavra empreitada, porque, o trabalho destes artigos era pago em função da quantidade.
A “empreita” era geralmente produzida por mulheres que entrançavam tiras estreitas ou largas, conforme o produto a ser confeccionado. Depois, as tiras eram cosidas com “baracinho”, fabricado com folhas de palma finas e humedecidas para facilitar o trabalho. As folhas mais grossas são utilizadas na confecção de vassouras, ceiras, açafates e cestaria. As finas, além do “baracinho”, eram empregues em chapéus, esteiras e outros objectos.
A “empreita de palma” teve a sua origem na necessidade de embalar os figos, amêndoas e alfarrobas, para transporte. As esteiras, por serem mais baratas, eram utilizadas em casas mais humildes.
Presentemente a “empreita” é fabricada com fins decorativos, com incidência no Concelho de Loulé e Castro Marim, subsistindo por todo o Algarve, com destino, principalmente para os turistas que nos visitam. Era normal verem-se as mulheres, nos meios rurais, fabricando estas peças sentadas na soleira das portas.
Creio ter deixado uma percepção resumida deste tema.
Satisfeito, Maurício?
Inté.

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