quinta-feira, 19 de novembro de 2009

OS ESTÁDIOS DE FUTEBOL

Os estádios de futebol:
A sua e a nossa história.
Hoje vou recordar os locais onde nós, costeletas da década de cinquenta, fazíamos as "jogatanas" futebolísticas. Os intervalos das aulas, algumas faltas dos nossos distintos mestres, ou mesmo os percursos de vinda e ida para a escola, transportavam-nos de imediato aos nossos estádios, para uma peladinha. O equipamento caracterizava-se pela roupa e calçado que tínhamos em uso, e as nossas pastas, em regra, serviam para delimitar as balizas.
A arbitragem ficava a cargo de todos os intervenientes, e com alguma frequência jogadores e árbitos, envolviam-se em acessa discussão, pelas faltas ou foras de jogo.
Os estádios, esses, eram escolhidos em função do tempo disponível, e também do número de intervenientes. Se eram poucos jogadores, podíamos jogar no Campo dos Marinheiros. Se o número aumentava, nos Blocos ou em São Francisco.
O Campo dos Marinheiros, também conhecido por Rádio Naval, adquiriu esta denominação, pela proximidade da Instituição da Marinha ali situada e no qual estavam instalados os serviços de rádio em uso naquela época. Os marinheiros em serviço naquele estabelecimento da A.P., nas suas horas de ócio, ali faziam também a sua peladinha, e daí se chamar Campo dos Marinheiros.
O Campo dos Blocos, situado para lá da linha férrea e à beira da fábrica de cortiça do Fritz, foi o local onde se produziram os blocos em cimento destinados ao molhe de protecção da barra FARO/OLHÃO. Este trabalho demorou alguns anos a ser concluído, pelo facto de, numa primeira fase os blocos terem sido fabricados com dez toneladas, e na primeira tempestade, o mar ter varrido completamente o molhe, obrigando a refazê-lo, desta feita com blocos de tonelagem superior para assim, poder aguentar a força do mar. Resultou! Mas o nosso estádio encerrou.
O Campo de São Francisco, que deve o seu nome à Igreja lá existente, foi de todos o mais carismático. Envolveu costeletas de todos os tempos, inclusivé os que frequentaram a Escola na Rua do Município (Comercial) e no Largo da Sé (Industrial).
Todos os costeletas que, vindos de Olhão, Fuzeta, Tavira e Vila Real de Stº. António, via caminho de ferro, chegavam ou abalavam no apeadeiro de São Francisco, participavam na peladinha, que era jogada à chegada ou à partida, quando os horários permitiam.
Dedico este pequeno texto aos costeletas mais novos, para que possam reflectir, comparando as nossas actividades futebolísticas e os nossos estádios " sem relva", aos meios que hoje lhes são proporcionados para a prática desportiva, e ocupação dos tempos livres. Para esta alteração de condições de vida, nós os "velhos costeletas" lutámos e trabalhámos, e hoje partilhamos um sentimento generalizado de DEVER CUMPRIDO. Nota: Mais de meio século, é justificação para a memória falhar num ou noutro pormenor, que algum costeleta mais atento possa encontrar no texto. As minhas desculpas se tal acontecer.


Jorge Tavares


costeleta 1950/56

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