quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A PESCA DO ATUM

A PESCA DO ATUM
A PESCA DO ATUM
De Alfredo Mingau
Dizia o meu grande amigo Maurício, sobre a pesca do atum ao largo da costa Algarvia, mencionando a existência de vários barracões e grandes âncoras espalhadas pelo areal. Os barracões foram demolidos e as ancoras, algumas servem de decoração na praia de Faro.
E, aproveitando esta deixa, falarei sobre a pesca do atum.
Naquele tempo muitos atuns eram encontrados no areal da praia e outros, entrando pela barrinha ficavam encalhados nos cabeços da Ria e, ficando em seco com a baixa-mar, acabavam por morrer. Este facto devia-se, segundo ouvi contar, ao grande inimigo do atum, uma espécie de golfinho, o “Roaz”. Este peixe atacava os cardumes para se alimentar e, o atum aterrorizado, na sua fuga desordenada, para se livrar do inimigo, uns enfiavam pelo areal da praia, outros entrando pela barrinha encalhavam nas águas pouco profundas da ria.
A armação do atum, da qual o maior accionista, suponho, e administrador era o então Major Sampaio.
Nesta pesca, que teve os seus tempos áureos nos anos 30 e 40, as redes ficavam sediadas e armadas, ao largo da praia de Faro, captando a passagem do atum que se dirigia para o Mediterrâneo para a desova, “pesca de direito” ou captando atum no regresso da desova “pesca de revés”.
Naquele tempo não havia telemóveis, pelo que, a indicação para terra da quantidade apanhada era indicada e transmitida, pela colocação, como bandeira desfraldada, de peças de roupa, cerolas, camisolas, cuecas, enfim… e em terra, com os binóculos, porque a armação estava à vista, tomavam conhecimento da quantidade pela indicação da respectiva “bandeira”.
A pesca era feita com uma rede de malha grossa, para apanhar só peixe graúdo, e para não rebentar com o peso e investidas dos atuns. Em cima, umas centenas de bóias de cortiça, mantinham a rede a flutuar.
Quando as barcaças fechavam o cerco e puxavam as redes, os pescadores com um gancho puxavam os peixes para dentro das barcaças. A esta operação era dado o nome de “copejo do atum”.
E quando restavam poucos exemplares, dentro da rede, era ver os pescadores, com alegria estampada no rosto, lançarem-se para cima da rede, com água pela cintura, a tentarem fazer uma “pega de caras”. E até faziam apostas para ver o primeiro a abraçar o peixe.
Era assim a pesca do atum ao largo da Praia de Faro.
Dizem que já não há cardumes nos “mares” do Algarve. Emigraram para os “mares” da Madeira.
Esta história está contada à minha maneira, pelas recordações do que ouvia e que, na altura, era um garoto. Outros poderão contar de outra forma.
Aqui fica para o Maurício, e não só…
Tem graça!
“Comecei como cronista,
Agora, sou historiador.
Também como romancista
E fiz poema, como autor.”
(nota: o poema foi um comentário dirigido ao m/grande amigo Brito Sousa. Vejam em PORQUE SERÁ)
Inté
Alfredo Mingau

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