quinta-feira, 19 de novembro de 2009

PESCA NA PRAIA DE FARO

PESCA NA PRAIA DE FARO
Um Conto de Alfredo Mingau


Neste meu “prefácio”, não pedi a ninguém que o fizesse, gostaria de afirmar que é bastante fácil escrever estes pequenos “Contos de ficção”. Basta “inventar” uma situação. Depois, dar-lhe corpo e expandir, para não ficar resumido a meia dúzia de linhas. Por outro lado, não convém dar largas à imaginação para que o corpo do texto não fique longo, portanto, maçador. Pode ser que, com este prefaciado, venham escritores para este nosso Blogue. É necessário! Colaborei com 9 crónicas, e 9 contos a que interpretei como de “ficção. Na realidade apenas o conto DUETO é imaginativo, todos os restantes são verídicos. Aconteceram. Gostaria de afirmar, no meu ponto de vista, que a escrita é inesgotável e que a imaginação não tem limites. A aventura do Alves de Sousa a saltar nú pela janela, como conta o Costeleta Maurício, não é uma história isolada…dará para uma próxima…!
É minha intenção de por um ponto final… e aguardar pelo parágrafo; se for caso disso.
Gostei muito de ter colaborado. Venham outros!Um abraço para todos. Até sempre AM amingau09@gmail.com
O LINGUADO
Por Alfredo Mingau
O “Moce” gostava imenso de pescar. Tinha um barco, que não era propriamente dele, com motor de bordo de cinquenta cavalos, e, com ele, saia a barrinha da Praia de Faro para ir pescar ao largo da costa, na pedra, como diziam todos os pescadores que se dedicavam, desportivamente, a este género de pesca com cana. E, na gíria dos pescadores, era normal apanhar um “chibo”. Mas o vício fazia-o lá voltar. Existem muitos Costeletas na arte de pescar. Todos os pescadores desportivos são os maiores mentirosos. Que me desculpem todos os pescadores que me lêem.
E o “Moce” também gostava de pescar na Ria Formosa, principalmente à noite, com o candeio de um “petromax”, passe a publicidade, na apanha de chocos com a fisga. Pesca considerada proibida.
E naquela noite, o nosso pescador, porque a maré estava na baixa-mar, pegou na fisga, no balde, acendeu o petromax e meteu os pés dentro da água da ria. Porque estávamos na época balnear, a água encontrava-se a uma temperatura agradável. E começou a pesca utilizando a fisga que tinha um cabo e cerca de cinco dentes, com farpa na ponta, parecidos com anzóis grossos mas direitos.
E a pesca foi dando os seus frutos, um choco aqui outro acolá e, de vez em quando, um linguado. E, foi, o que poderia ser um linguado, que estragou a pescaria naquela noite.
- Cá está outro linguado, pensou ele.
Fez pontaria com a fisga e zás! O linguado era o seu pé…um grande berro de dor se repercutiu na noite. Não tinha ninguém que lhe acudisse. A dor era enorme porque não podia tirar a fisga devido as rebarbas nas pontas que tinham atravessado o pé. Gritou! Dritou!
Valeu-lhe a passagem de um pescador que seguia para a faina na sua lancha e, ao ouvir os gritos se aproximou.
- Homem, como raio é que fez isto?
- Parecia um linguado, respondeu chorando de dor.
O pescador, com as ferramentas que tinha na lancha, conseguiu partir as pontas da fisga no encaixe que, sendo de aço, não dobravam e se partiram
E o nosso pescador furtivo, com o pé entrapado, lá conseguiu chegar ao Hospital da cidade, onde foi tratado.
E não julguem que isto lhe tirou a vontade de pescar… nem por sombras!
Os “mentirosos” voltam sempre ao local da “mentira”.
A praia de Faro era o local ideal para este género de pesca. Já não é; a polícia marítima, nas suas rondas pela noite, faz a fiscalização da Ria Formosa.

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