sexta-feira, 20 de novembro de 2009

RELEMRANDO GRANDES FIGURAS ALGARVIAS


RELEMRANDO GRANDES FIGURAS ALGARVIAS
JOÃO DE DEUS


Crónica “historial Biográfica” de
Alfredo Mingau

JOÃO DE DEUS de Nogueira Ramos, natural de São Bartolomeu de Messines, onde nasceu no dia 8 de Março de 1830. Os pais Isabel de Gertrudes Martins e Pedro José dos Ramos, era uma família modesta e natural de São Bartolomeu de Messines. O pai era conhecido pelo “Pedro Malgovernado”, porque gastava com os filhos mais do que podia.
João de Deus fez o estudo de latim e ingressou no Seminário de Coimbra. Os Seminários eram, então, o caminho aberto aos mais necessitados e de parcos recursos para prosseguir os estudos.
Em 1850, porque, não sentia vocação para seguir a vida eclesiástica, ingressou na Universidade de Coimbra, matriculando-se em Direito.
A vida académica foi, para ele, uma vida de boémia, tendo-se formado passados 10 anos do seu ingresso, o que aconteceu a 13 de Julho de 1859.
Desde sempre revelou os seus dotes líricos, com versos que circularam no mundo académico e obtinha, com eles, parcos rendimentos para a sua subsistência. Alguns condiscípulos e amigos chegaram a fazer, para o ajudar, colectâneas das suas poesias que eram publicadas na imprensa de Coimbra. A sua reputação cresceu com estas publicações.
No final do curso fixou-se em Coimbra, dando pouca atenção à advocacia e continuando a escrever poesia, enveredando pelo carácter “satírico”.
Em 1862, aceitou o convite do periódico “O Bejense”, jornal de maior expansão do Alentejo. E aqui ficou até 1864, regressando à sua terra natal, onde exerceu, sem sucesso, a advocacia.
Em 1868 concorre, como candidato independente, às Cortes e, a 18 de Maio de 1868 presta juramento e inicia a sua actividade parlamentar.
Em 1869, em declarações ao Jornal “Correio da Noite”, “Que diacho querem vocês que eu faça no Parlamento? Cantar? Recitar versos? Deve ser (…) gaiola que talvez sirva para dormir lá dentro a ouvir a música dos outros pássaros. Dormirei com certeza!”
Pouco depois da sua eleição casou com Guilhermina das Mercês Battaglia, senhora de boas famílias. Nasceram dois filhos Maria Isabel Battaglia Ramos e José do Espirito Santo Battaglia Ramos que viria a ser Visconde de São Bartolomeu de Messines.
Trabalhando na sua obra poética publicou a colectânea “Flores do Campo” e escreveu outras consideradas de “Ultra-romantismo”. Teófilo Braga reuniu, organizou e compilou os seus textos líricos, satíricos e epigramáticos que foram editadoa com o título de “Campo de Flores”, na qual foi incluído o “Poema Lascivo” “Criptinal” que provocou escândalo.
Em 1876 envolve-se em campanhas de alfabetização, escrevendo a obra que haveria de o tornar Pedagogo “A Cartilha Maternal”. Alexandre Herculano e Adolfo Coelho, consideraram-na uma obra genial e de grande utilidade, Esta obra foi aprovada oficialmente como método nacional de aprendizagem da escrita da língua portuguesa.
Em 1895 foi organizada uma grande homenagem ao poeta, por iniciativa dos estudantes de Coimbra. O Rei D. Carlos impôs-lhe a “Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada”, com comemorações em todo o país.
Pouco tempo depois, O Ministério do Reino, por iniciativa de Joaquim Pedro de Oliveira Martins, decidiu retirar das salas de aula os quadros da “Cartilha”.
João de Deus fica doente com uma enfermidade cardíaca e viria a falecer, em Lisboa, no dia 11 de Janeiro de 1896. Está sepultado no Panteão Nacional.
Em São Bartolomeu de Messines, a casa onde o poeta nasceu tem, na sua fachada, uma lápide alusiva ao poeta.
É considerado “O Poeta do Amor”.

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