terça-feira, 8 de dezembro de 2009

RIR… NÃO É O MELHOR REMÉDIO!

RIR… NÃO É O MELHOR REMÉDIO!

Introdução

Não há dois sem três. Este não é por imposição do João Brito de Sousa. Saiu-me, porque o Palmeiro e o Diogo pediram mais. E é verídico!

Como afirmei nalguns textos que escrevi, frequentei a Escola Industrial e Comercial Tomás Cabreira, nos anos 40, com início em 41 ou 42 não me lembro. Além dos colegas da turma que recordei no texto “O Aparo de Cana”, relembro o José Grade e o Amável. A memória vai trabalhando…
Naquele tempo, quando faltava um professor, a “malta” corria para o “estádio do Largo da Sé”, para disputar aqueles grandes e importantes “derbies”, a pontapear com a “trapeira”. Trapeira que era feita com as meias da mãe que surripiávamos sem ela dar por isso.
Naquele dia, em que faltara um professor, a “malta” dispersou-se na direcção do Jardim Manuel Bívar, descendo a rua do Município. Como não me apetecia ir naquela direcção resolvi subir a rua. No Largo da Sé nem vivalma. Pensei então, como gostava muito de ler, entrar na Biblioteca Municipal.

A Biblioteca

Entrei na biblioteca; o silêncio era absoluto. Três ou quatro pessoas sentadas a ler. Dirigi-me à bibliotecária e perguntei “posso escolher um livro para ler”? Na resposta perguntou-me se tinha cartão de leitor. Respondi que não, que era a primeira vez que ali entrava. A senhora entregou-me um impresso para eu preencher e me ser entregue um cartão de leitor, podendo então permanecer dentro da biblioteca, ler ou requisitar livros aprovados para ler em casa.
Depois de cumprir o solicitado e identificado, dirigi-me às estantes procurando algo que me interessasse. Não me recordo o título mas o nome do livro deu-me a entender que seria algo atraente. Solicitei o livro junto da bibliotecária que me entregou dizendo que só o poderia ler ali, não podendo levar para casa.
Sentei-me numa das mesas e iniciei a leitura. A obra continha contos tradicionais cheios de humor, que incitavam a uma boa disposição e a rir.
Recordo o que narrei no texto o “Aparo de Cana”, as gargalhadas do Otilio Dourado tinham provocado em mim o vício do sorriso ruidoso.
E, à medida que ia lendo as histórias, o “sorriso” fazia-se ouvir dentro da biblioteca.
A bibliotecária fazia “cheeeeee”, eu olhava para ela rindo e via o seu dedo indicador encostado aos lábios, no sentido vertical. Dava para perceber. Acalmava e, abrindo de novo o livro, lá estava outra história em que o riso já gargalhava com mais ruído. E, junto de mim, estava a bibliotecária a sussurrar-me “não podes fazer barulho, estás a incomodar as outras pessoas”. Eu respondia que sim, que faria os possíveis.
Mas as histórias eram infernais e a gargalhada repetiu-se, desta vez com uma sonoridade inconcebível.
Do gabinete sai em passos largos o Dr. “Chouriço”, Director da biblioteca, com a bibliotecária no seu encalço, olha para mim e diz:
- Ponha-se na rua!
E voltando-se para a bibliotecária:
- Este senhor fica proibido de pôr os pés na biblioteca. Retire-lhe o cartão. Nunca mais cá entra!
Dá meia volta e regressa ao gabinete.
A bibliotecária olha para mim e em voz baixa:
- Entregue-me o cartão.
E a minha vida como leitor da biblioteca foi efémera.

Moderador

Nenhum comentário:

Postar um comentário