terça-feira, 8 de dezembro de 2009

ENSAIO SOBRE EMIGRAÇÃO

EMIGRAÇÃO

Causa e efeito.

Foram pelo menos três as grandes vagas de emigração portuguesas. Muito pode e tem sido dito e escrito sobre este fenómeno que não e' estritamente português. Os homens movem-se como a agua, procuram sempre o seu leito, o mais baixo ou mais profícuo. E sempre a causa e efeito os acompanha.

A nossa causa foi sempre a procura de uma vida mais abastada e desafogada, o fugir a' desfortuna.

A primeira onda dá-se ainda na segunda dinastia, a de Avis. O Norte de África, a África desconhecida era o apelo. Sabia-se que havia trigo! A "Ínclitica família” delineou um plano; a conquista primeiro depois repovoar a' nossa maneira sob a bandeira do cristianismo. Não correu muito bem no seu epilogo mas, muitos foram os portugueses de norte a sul que abandonaram as pobres aldeias na miragem de melhor vida embrenhados no Magrebe fazedor se sonhos e miragens.

A segunda "levada" migratória em massa acontece a seguir ao evento das descobertas ou encontro com novas paragens, mais ou menos povoadas mas que povoaram a imaginação das nossas gentes.

O Brasil, o sertão sul americano abria-se-nos, criaram-se "os bandeirantes",novamente as nossas aldeias se despovoaram. A segunda onda ai estava. Partimos de armas e bagagens em procura da fortuna ,sempre difícil, sempre miragem que nos fugia entre os dedos mas o sonho acompanhava-nos, a quimera vivia mais alem...era preciso agarrá-la. Alguns conseguiram, muitos mais falharam .O "el dourado"estava la', acenava-nos.

A conjuntura Europeia com o evento da revolução francesa alterou-se. A emigração descuidada, feita ao gosto e necessidades individuais ganhou nova forma. A corte e as suas elites ao refugiarem-se onde ate' então só a emigração procurava abrigo alterou o conteúdo, aumentou outro dado a' equação, o sonho de Nação independente e de emigrantes nasce. A génese dum pais novo ganhou vida.

Ao independentizar-se o pais necessitou de mais bracos, a hemorragia das nossas terras consumou-se e ficaram a um passo da desertificação humana. Mas um pais de emigração havia nascido. Filho nosso...nem sempre agradecido.

A terceira vaga dá-se durante a vigência do Estado Novo. As circunstancias de uma Europa, outra vez destruída por uma guerra, desta vez sem par em destruiçãode infraestruturas e perdas de vida, em influenciar-nos sem que entremos directa e activamente nela. Foram vinte milhões de Europeus que pereceram, na sua grande maioria jovens, os jovens que seriam necessários para a reconstrução. A Franca, Alemanha, Bélgica e Aústria receberam-nos de braços abertos mas nem sempre de coração.

Nasceu a "emigração a salto", aquela que se proibia sem se proibir...ao proibir incitava-se a' "partida" que trazia contrapartidas chorudas em divisa ao Estado Novo ja' decadente .A politica cega não soube avaliar e julgar os ventos de mudança que assolavam o "euromundismo".

A emigração não terminou ate' hoje embora tenha mudado de "cara".A globalização, a movimentacão de pessoas e bens não e' nada mais nada menos que a "outra" face da emigração.....E como me dizia um dia destes um amigo meu, da diáspora e costeleta de sucesso ,o Francisco Rodrigues do Poço Longo:

"os homens movem-se e encontram-se..as montanhas não!..."


Um abraço.
DIOGO COSTA SOUSA

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