sábado, 21 de novembro de 2009

Passeios por Faro IDO I I

Passeios por Faro IDO I I

Em primeiro lugar os meus parabéns pela iniciativa e pela boa memória.
No entanto eu fiquei com uma dúvida e que até pode nem ser dúvida se a unidade hoteleira a que me vou referir, eventualmente tivesse uma filial em outro ponto da cidade.
Estou a referir-me concretamente à Pensão Luísa. Esta pensão situava-se em 1955/1956 na Rua D. Teresa Ramalho Ortigão, uma rua que se cruza a meio com a Rua Caçadores 4, começa no Largo de São Francisco e terminava nesse tempo, num muro que dava para a horta do Ferragial.
Era um primeiro andar, tendo por baixo uma oficina, a casa ficava a cerca de 50 metros do citado largo.
Morei nessa rua no número 44, no número 42 morava o Dr. Joaquim Magalhães, o tal que foi secretário do grande António Aleixo. As casas era geminadas e o saguão servia as duas casas. A esposa do Dr. Magalhães, todas as tardes tocava piano, não sei se por prazer ou se dava aulas em casa. Sei sim que eu ficava extasiado a ouvir.
Nesse tempo, a rapaziada dos seus 12, 13, 14 anos, divertia-se quando o Zé Luís estava em Faro, o que raramente acontecia, porque sempre trazia uma loira espampanante renovada, o que fazia a alegria da garotada, metidos a homenzinhos, escolhendo pontos estratégicos para espreitar.
Nessas alturas os jogos de futebol no Largo de são Francisco, deixavam de ser junto do apeadeiro e passavam a ser perto da entrada do largo para dar tempo a escolher o melhor ponto de observação.
Um abraço
Antonio Viegas Palmeiro

TRIPLO FILTRO DE SOCRATES

DO CORREIO
Não sei a que atribuir esta minha tendência para rever algumas coisas de Sócrates.
Ainda bem que a noite está chegando e com ela o sono e novos sonhos e pesadelos, só espero que seja com o Euromilhões e não com o mesmo.

Antonio Viegas Palmeiro


O TRIPLO FILTRO


Na antiga Grécia, Sócrates foi famoso por sua sabedoria e pelo grande respeito, que a todos impunha e dispensava.

- Um dia um conhecido encontrou-se com o grande filósofo e disse-lhe:
- Sabes o que ouvi sobre o teu amigo?
- Espera um minuto, replicou Sócrates.
- Antes que me digas qualquer coisa, quero que passes por um pequeno exame, eu chamo esse exame de Triplo filtro.
- Triplo filtro? Perguntou o outro.
- Sim, continuou Sócrates.
- Antes que me fales sobre o meu amigo, vamos filtrar três vezes o que me vais dizer. Por isso chamo o exame do Triplo filtro.

- O primeiro filtro é a VERDADE
- O que me vais dizer é verdade?
- Não sei, disse o homem, realmente só ouvi falar sobre isso e …
- Bem, disse Sócrates, então realmente não sabes se é certo ou não.
- Agora permite-me continuar com outro filtro,
- O filtro da BONDADE
- É algo bom o que me vais dizer do meu amigo?
- Não pelo contrário …
- Então queres dizer-me algo de ruim do meu amigo, mas não estás seguro de de que seja verdade.
- Mesmo que eu agora quisesse ouvir, ainda não poderia, pois falta um filtro,
- O filtro da UTILIDADE
- Servir-me-á de algo, saber o que tens para me dizer do meu amigo?
- Não, na verdade não.
- Concluiu Sócrates:
- Se o que desejas dizer-me não é certo, nem bom e tão pouco ser-me-á útil, porque iria eu querer saber?

- Use este TRIPLO FILTRO cada vez que ouvir comentários sobre alguns dos seus amigos, próximos e queridos.
- A amizade é algo inviolável nunca perca um amigo por algum mal entendido ou comentário sem fundamento.

Antonio Viegas Palmeiro

DO CORREIO SOCRATES


DO CORREIO

Hoje acordei pensando em Sócrates.

Se me perguntarem o motivo de tal pensamento não sei explicar, não foi sonho nem pesadelo, muito menos inspiração divina.
Foi talvez a procura constante de uma pessoa que nos tenha deixado um legado importante, alguns exemplos de honestidade, um caracter nobre e a tentativa de conseguir a paz (além da morte)

Sócrates, nasceu em Atenas, provavelmente no ano de 470 AC e tornou-se um dos principais pensadores da Grécia antiga, considerado hoje um dos mais importantes filósofos da antiguidade.

Em anexo, um pequeno diálogo, entre ele e o discipulo Criton.

Um abraço

A IMORTALIDADE DA ALMA

Conhece-te a ti próprio e serás imortal

Alguns séculos antes de Cristo, vivia em Atenas, o grande filósofo Sócrates.

- A filosofia não era uma teoria especulativa mas a própria vida que ele vivia.

- Aos setenta e tantos anos foi Sócrates condenado à morte, embora inocente.

- Enquanto aguardava no cárcere o dia da execução, os seus discípulos moviam céus e terra para o preservar da morte.

- O filósofo, porém, não moveu um dedo para esse fim: com perfeita tranquilidade e paz de espírito aguardou o dia em que iria beber o veneno mortífero na véspera da execução os seus amigos conseguiram subornar o carcereiro (desde aquela época já existia esta prática) que abriu a porta da prisão.

- Críton, o mais ardente dos discípulos de Sócrates, disse ao mestre:
- Foge depressa Sócrates!
- Fugir por quê? Perguntou o preso.
- Ora, não sabes que amanhã te vão matar?
- Matar-me? A mim? Ninguém me pode matar!
- Sim, amanhã terás que beber a taça de sicuta mortal! – insistiu Críton
Vamos Sócrates foge depressa para escapares à morte.

- Meu caro amigo Críton, que mau filósofo és tu. Pensar que um pouco de veneno possa dar cabo de mim…

- Depois puxando com os dedos a pele da mão, Sócrates perguntou:
Críton, achas que isto aqui é Sócrates? E batendo com o punho no osso do crânio, acrescentou: Achas que isto aqui é Sócrates? Pois é isto que eles vão matar, este invólucro material, mas não a mim, EU SOU A MINHA ALMA, ninguém pode matar Sócrates.

- E ficou sentado na cadeia aberta, enquanto Críton se retirava, chorando, sem compreender o que ele achava uma teimosia, ou estranho idealismo do mestre.

- No dia seguinte, quando o sentenciado já bebera o veneno mortal e o seu corpo ia perdendo aos poucos a sensibilidade, Críton perguntou-lhe entre soluços:
- Sócrates onde queres que te enterremos? Ao que o filósofo semi-consciente murmurou!
Já te disse ninguém pode enterrar Sócrates… Quanto a este invólucro onde quiseres, não sou eu EU SOU A MINHA ALMA.

- Assim expirou esse homem que tinha descoberto o segredo da FELICIDADE, que nem a morte lhe pôde roubar.
- Conhecia o seu verdadeiro eu, DIVINO, ETERNO e IMORTAL
- Assim somos todos nós, seres IMORTAIS, pois somos ALMA – LUZ – DIVINOS - ETERNOS.
SÓ MORREMOS QUANDO SOMOS ESQUECIDOS

Antonio Viegas Palmeiro

UM TEXTO...DIÁRIO, SEMANAL, MENSAL...OU DE VEZ EM QUANDO

UM TEXTO...DIÁRIO, SEMANAL, MENSAL...OU DE VEZ EM QUANDO

Passeios por Faro IDO - II

Finalmente descansei o tempo necessário, para continuar o passeio pelas ruas Conselheiro Bívar, Largo da Madalena e Rua Infante D. Henrique.
Neste período de relax, e na sequência da publicação do primeiro passeio, fiquei aguardando leitores que me acompanhassem. Os três voluntários que se perfilaram para o fazer, são os colaboradores do blogue, António Encarnação, João Brito Sousa e Jaime Reis. Lá diz o adágio popular: "Poucos, mas bons".
Vamos então ao passeio!

Na continuidade do Edifício da Junta dos Portos, os Grandes Armazéns do Chiado, cujo nome traduzia a sua grandiosidade e que influenciou igualmente, na atribuição do nome da Rua, que popularmente se chamava Rua do Chiado. Este estabelecimento representou na altura, o grande centro comercial da cidade, se assim se podia chamar.
Continuando neste quarteirão, encontramos uns armazéns de venda de cereais, nomeadamente, aveia, milho, trigo, centeio e sementes diversas. Este estabelecimento, se a memória não me atraiçoa, era propriedade de Ramiro da Graça Cabrita, comerciante com sede em São Bartolomeu de Messines, que tinha no outro lado da rua, mesmo defronte, outros espaços onde funcionavam os escritórios.
Ainda no seguimento do quarteirão e antes da confluência com a Rua de São Pedro, existia uma loja de artigos eléctricos e outras bijuterias: O "Brick-à-Brack".
Do outro lado da Rua, e regressando ao estabelecimento do sapateiro, deparamo-nos com uma travessa que dá acesso à Rua da Alfandega e tem como referência, o estabelecimento dos ameijoeiros Cabeleiras.
Na esquina dessa travessa, o estabelecimento de máquinas e ferramentas do José Azinheira Rebelo, conhecido comerciante na cidade, que se afirmou como excelente basquetebolista da famosa equipa dos Bonjoanenses. Este estabelecimento tinha como vizinhos, no primeiro andar, a família do Dr. Rogério Peres, conhecido médico de crianças (pediatra).
Por cima dos armazéns de cereais referidos anteriormente, existia o Círculo Cultural do Algarve e os escritórios do advogado Carlos Picoito. Não posso deixar de referenciar o papel importante do referido Círculo na cultura da cidade: Local de encontro da intelectualidade regional,, serviu de passagem a grandes vultos das letras de âmbito nacional, bem como de contestação ao regime político ora vigente.
A barbearia que dava continuidade ao quarteirão, era propriedade do pai do Jorge G. Mendonça *, ele também costeleta, que viviam no Patacão. Lembrar o Jorge, é também recordar a irreverência da malta que se metia com ele por causa dos seus lábios muito grossos: "Jorge, china malaca, beiços de matraca, foste à nêspera ficaste caçado, puseste-te a chorar UEM! UEM!" *Depois era correr à frente do Jorge, para não apanhar umas caroladas.
Na loja que se seguia, instalou-se a primeira filial da Banco Pinto & Sotto Mayor, na qual iniciaram a sua actividade profissional na Banca os costeletas Rafael Correia e Casimiro de Brito(?). Dava-lhe continuidade, a Pensão Luísa, estabelecimento importante, não só como unidade hoteleira bastante frequentada, mas porque a sua proprietária Dª Maria Luísa era mãe do famoso farense José Luís, campeão nacional e mundial de luta livre.
No estabelecimento do rés-do-chão do edifício da pensão, existia uma loja de venda de tractores e máquinas agrícolas, propriedade do pai do bife Rui Vilhena, que infelizmente já nos deixou.
Porque este quarteirão chegou ao Largo da Madalena, regressamos ao outro lado e mais abaixo, onde na confluência com a Rua de São Pedro existia a Farmácia Almeida, cujo propriétário - Sr Almeida - era um cidadão farense de elevada estatura intelectual, como aliás, era quase regra na classe farmacêutica. Seguia-se o laboratório de análises clínicas do Dr. Ascensão Afonso e também a sua residência, antes de mudar para a Avenida 5 de Outubro.
O Largo da Madalena tinha três estabelecimentos importantes: As oficinas de assistência ao equipamento vendido na loja de máquinas agrícolas, a que me referi anteriormente, a garagem da Madalena, destinada a oficina e recolha de carros, cujo proprietário era conhecido popularmente pelo Dr. Burro e a loja de ferragens e outros utensílios, que era propriedade do Augusto Vieira dos Reis. Esta loja foi local de muitas visitas da rapaziada, para comprar berlindes abafadores, piões com careta, cordel para os ditos e meadas de fio para colocar no ar os papagaios que fazíamos, utilizando como cola, uma mistura de farinha e água. Quantas mensagens mandávamos pelo fio acima até ao papagaio que estava no ar, com a ajuda dos "rabos" feitos com os trapos que surripiávamos em casa.
Ainda no Largo da Madalena existia uma Igreja ( capela?), que naquela época servia de habitação. Posteriormente foi transformada em café/bar. Presentemente desconheço a sua utilidade, embora saiba que como Igreja já não existe!
Interrompo o passeio, antes do inicio da Rua Infante Dom Henrique, para descansar e mais folgadamente arrancar para a ùltima etapa, que promete grande dificuldade, atendendo ao enorme volume de actividades existentes.

* Esta lenga-lenga, como todas as nossas brincadeiras, eram inócuas, pelo que a sua divulgação deve ser entendida como tal.


jorge tavares
costeleta 1950/56

CANTINHO DOS MARAFADOS

CANTINHO DOS MARAFADOS
O Meu Compadre Chico do Carapetal


Gostava de apresentar hoje a todos, o meu compadre Chico do Carapetal, nascido pelas mãos da Ti Mariana, que aparou todos os moços que nasceram, durante mais de 40 anos.
Nasceu no Monte do Carapetal e por lá se tem mantido até aos dias de hoje. Frequentámos juntos o Posto Escolar de Vale de Lobo até à 4ª Classe, depois seguimos caminhos diferentes, eu fui embora fazer a admissão e depois a escola Tomás Cabreira, o Chico seguiu o trilho das ovelhas do patrão, Obviamente as ovelhas não são as mesmas, mas o rebanho ainda existe, hoje com direito a subsidio.
A amizade continuou e somos compadres, porque baptizei um filho dele.
Depois de todas as voltas da minha vida, voltei à serena planicie e a amizade foi reatada.
Há uns dias atrás, do cimo de um cabeço, que serve de observatório para ver a estrada para o Algarve, eu, o meu compadre, o cão, o cajado e as ovelhas, pastando ainda naquele fim de tarde de sexta-feira, comentei:
- Olha Chico aí vai a crise para o Algarve.
- O que é isso da crise?
- Tu não sabes o que é a crise?
- Quando chego lá no monte, já bem de noite, ouço na televisão falar da crise, mas ainda não percebi patavina.

- O patrão fala em dificuldades, mas todos os fins de semana tem festança lá, com cada carrão, cada um maior que o outro, tudo doutores e engenheiros.

- Bem! Vamos lá então: Blá, blá, blá etc. etc. etc. percebeste Chico?
- Acho que sim, mas diz-me: A crise fica no Algarve? Não, ela volta para Lisboa no Domingo à tarde!
- Vou pensar no que falámos!
No dia seguinte ele aparece com um longo papel rascunhado e pediu-me: Passa lá isto a limpo no teu computador, nessa coisa que vocês usam agora. Antigamente a gente escrevia tudo à mão com aquela caneta de aparo, que se a gente se descuidasse borrava tudo, lembras-te?
Eis o que ele me entregou e que conforme me pediu, passei a limpo:

PLANO PARA SALVAR PORTUGAL DA CRISE

Passo 1:

Trocamos a Madeira e os Açores pela Galiza, mas os espanhóis têm que levar o Emplastro.

Passo 2:
Os galegos são boa onda, não dão chatices e ainda ficamos com o dinheiro gerado pela Zara (é só a 3ª maior empresa de vestuário).

A indústria têxtil portuguesa é revitalizada. A Espanha fica encurralada entre os Bascos e o Emplastro.
Passo 3:
Desesperados, os espanhois tentam devolver o Emplastro. A malta não aceita.

Passo 4:
Oferecem também o Pais Basco. A malta mantem-se firme e não aceita.
Passo 5:
A Catalunha aproveita a confusão para pedir a independência.
Cada vez mais desesperados, os espanhois devolvem-nos a Madeira e os Açores e dão-nos ainda o Pais Basco e a Catalunha.

A contrapartida é termos que ficar com o Emplastro.

A malta arma-se em difícil mas aceita.
Passo 6:
Damos a independência ao País Basco.

A contrapartida é eles ficarem com o Emplastro.

A malta da Eta pensa que pode bem com ele e aceita sem hesitar.

Sem o Emplastro, Portugal torna-se um paraíso e a Catalunha não causa problemas.
Passo 7:
Afinal a Eta não aguenta o Emplastro, e o País Basco pede para se tornar território português. A malta faz-se difícil mas aceita (apesar de estar lá o Emplastro).
Passo 8:
Fazemos um acordo com o Brasil. Eles enviam-nos o lixo e nós mandamos-lhes o Emplastro.
Passo 9:
O Brasil pede para voltar a ser colónia portuguesa. A malta aceita e manda o Emplastro para os Farilhões das Berlengas apesar das gaivotas perderem as penas e as andorinhas do mar deixarem de pôr ovos.

Passo 10:
Com os jogadores brasileiros mais os portugueses Portugal torna-se campeão do mundo de futebol!
Passo 11:
Os espanhóis ficam tão desmoralizados, que nem oferecem resistência quando os mandamos para Marrocos.
Passo 12:
Unificamos finalmente a Península Ibérica sob a bandeira portuguesa.
Passo 13:
A dimensão extraordinária adquirida que une a Península e o Brasil, torna-nos verdadeiros senhores do Atlântico. Colocamos portagens no mar, principalmente para os barcos americanos, que são sujeitos a uma sobretaxa tão elevada que nem o preço do petróleo os salva.
Passo 14:

Economicamente asfixiados eles tentam aterrorizar-nos com o Bin Laden, mas a malta ameaça enviar-lhes o Emplastro e eles rendem-se incondicionalmente. Está ultrapassada a crise!

Facilíssimo, hein ???

-Olha compadre nem vou ler a tua proposta, vou deixar que os meus colegas costeletas façam a necessária análise, mas só queria que me dissesses quem é o Emplastro?
-Afinal pensas que sabes tudo, mas há pessoas que eu conheço e tu não. Diz-me lá como se chama aquele tipo do Porto que fica na fotografia sempre atrás do Pinto da Costa?
Ah é esse?
Claro! Quem querias que fosse?
Vim a saber mais tarde, que não tinha sido ele a escrever o plano, mas sim a filha, gestora de uma loja Zara e casada com um espanhol, contrabandista de café.
Um abraço
Antonio Viegas Palmeiro

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

RELEMBRANDO GRANDES FIGURAS ALGARVIAS



RELEMBRANDO GRANDES FIGURAS ALGARVIAS




JOÃO LÚCIO


De Alfredo Mingau


Introdução


Várias vezes visitei o Parque de Campismo dos Bancários, em Marim, Concelho de Olhão, e várias vezes, todos os meses, a Associação dos Antigos Alunos da Escola Tomás Cabreira, juntava em convívio no restaurante do parque, todos os associados que desejassem confraternizar. E eu estive sempre presente naquelas reuniões comestíveis/convívio de Costeletas. E, olhando para fora do muro de arame do parque, via aquela casa, diferente de qualquer outra, ali implantada do lado nascente. Informei-me e disseram-me ser o “Palácio de João Lúcio.
Esta moradia construída em 1916 a que chamam o “Chalé de Marim” e que, tal como eu o fiz, qualquer pessoa o pode visitar por ter sido transformado em “ecoteca”. De arquitectura “simbolista”, existe um outro na Quinta da Regaleira, em Sintra.
O edifício tem três pisos de forma quadrangular sem frente nem traseira. Quatro escadarias, orientadas nos quatro pontos cardeais, marcam as entradas para o centro da habitação. A do Norte tem a forma de peixe, a do Sul guitarra; a de Nascente violino e a do Poente serpente.
O Norte simboliza a água; o Sul o fogo; o Nascente o ar e o Poente a Terra.
Cada sala interior tem a sua simbologia expressa em adornos e num poema. É a “Casa de João Lúcio”. O Poeta pouco tempo desfrutou da casa que concebeu para morar e inspirar-se na sua obra.

O Poeta


Natural de Olhão, onde nasceu a 4 de Julho de 1880. Sempre revelou uma grande inspiração pelas artes e poesia. Com 12 anos publicou os seus primeiros versos no periódico “O Olhanense”. Contrariou a vontade do pai que desejou que o filho estudasse Agronomia, decidindo-se cursar Direito em Coimbra.
Em Coimbra criou um periódico estudantil “Ecos da Academia”, tendo terminado os seus estudos em 1902 escrevendo a peça “Até que Enfim”.
Abriu um escritório em Olhão tornando-se um dos melhores advogados algarvios. Bom orador foi eleito deputado franquista em 1906 e foi Presidente da Câmara de Olhão. Depois da implantação da República em 1910, voltou a ser deputado pela monarquia, de quem era um grande conservador.
Considerado um poeta naturalista era um sonhador romântico.
Depois do acidente trágico que vitimou o seu filho varão, resolveu construir a casa descrita na introdução, para se refugiar em isolamento espiritual, naquele local da sua Quinta de Marim, que se dizia rico em lendas de mouras encantadas.
Entre as suas obras podemos apreciar: “O Meu Algarve”, “Nas Asas do Sonho”, “Espalhando Fantasmas”, “Impressões de viagem” e “Vento de Levante”.
João Lúcio faleceu em Olhão, em 1918, com 38 anos, vítima da “gripe pneumónica”

CANTINHO DOS MARAFADOS

CANTINHO DOS MARAFADOS


Ao ler o correio do Brasil e a descrição que o costeleta António Encarnação faz de uma das regiões mais importantes daquele país, essencialmente sobre a paisagem, economia e explosão demográfica do sul de Minas Gerais, região que bem conheço, senti uma vontade irresistível de escrever sobre as pessoas.
Entre as inúmeras personalidades nascidas em Minas Gerais, escolhi falar um pouco daquele que considero um dos três poetas maiores da língua portuguesa, Carlos Drummond de Andrade.
Sou um incondicional admirador da sua obra, com a qual me identifico totalmente, entendo que de nada vale acharmos que em verso ou em prosa, algo é muito bonito, que está muito bem escrito, se não nos identificarmos com o seu conteúdo, se não interiorizarmos o que nos é transmitido pelo autor.
O poeta nasceu em Itabira do Mato Dentro – Minas Gerais, em 31 de Outubro de 1902, faleceu em 17 de Agosto de 1987. Filho de uma família de fazendeiros decadentes, estudou na cidade de Belo Horizonte e posteriormente no Colégio Anchieta em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, tendo sido expulso por “insubordinação mental” (nunca ficou esclarecido o que seria insubordinação mental) começou a carreira de escritor como colaborador do Diário de Minas, que aglutinava os adeptos locais do incipiente movimento modernista mineiro.
Há anos atrás tive oportunidade de assistir a uma tarde de poesia em que o principal declamador era o grande actor que foi, Mário Viegas. No final confrontei-o com o facto de no espectáculo que apresentava, existirem obras de, para além de poetas portugueses, também dos consagrados brasileiros, Vinicius de Moraes e Manuel Bandeira, mas nada de Carlos D. de Andrade.
Senti algum desconforto na resposta que foi inconclusiva, mas também senti que a descriminação não era o motivo que conduzia a tal ausência, o que me deixou mais tranquilo.
Fui encontrar a resposta algum tempo depois na sua última entrevista, concedida a Geneton Moraes Neto (Dossiê Drummond, ed. Globo, 1994). Dizia então:
“Nenhum poema meu ficou popular. A verdade é essa. Considero popular nas gerações antigas, o “ouvir estrelas”, de Olavo Bilac; o “mal secreto” de Raimundo Correia; “meus oito anos” de Casimiro de Abreu; “ A canção do exílio” de Gonçalves Dias. São dois ou três, nenhum outro fica. Geralmente são poemas pequenos que a memória guarda com mais facilidade. De mim ficaram versos. “ E agora José?” não é verso; é uma frase. “Tinha uma pedra no meu caminho” – e só, não creio que tenha ficado nada mais. Nada houve meu propriamente popular. Em geral as pessoas guardam a imagem do poeta, mas não guardam o verso, até porque a maior parte dos poemas são em verso livre, não são metrificados nem rimados, então é mais difícil guardar.”
Para aqueles que eventualmente não conheçam ou os que queiram recordar aí vai o emblemático :

E agora, José?

E agora, José?
a festa acabou,
a luz acabou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos.
Que ama, protesta?
E agora, José

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu,
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – a agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
Você é duro, José!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde ?

Escrito durante a Segunda guerra mundial, e a ditadura de Getúlio Vargas, José, apesar da dureza, ainda tem o impulso de continuar seguindo. Mesmo sem saber para onde.
Em mais um golpe de asa, José Saramago aproveita o embalo e escreve uma crónica com o mesmo nome, incluída no livro “A bagagem do viajante” . Não vou comentar, só destaco que teve, valha-nos isso, o pudor de referir o nome de Carlos Drummond de Andrade e criar o personagem José Júnior, na aldeia de São Jorge da Beira, localidade também fruto da sua imaginação; Foi bem conseguido e só isso.
Vou concluir por agora, transcrevendo mais um poema do mestre:

Mãos Dadas

Não serei um poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.

Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas, nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
A vida presente.

Carlos Drummond de Andrade.

Voltarei oportunamente ao tema, se o moderador achar que vale a publicação e se vocês que tiverem a paciência de me ler, não vaiarem.
Um sorriso e um abraço, para finalizar.

António Viegas Palmeiro

CANTINHO DOS MARAFADOS

CANTINHO DOS MARAFADOS
Num momento de descontração, o grande poeta Carlos Drumond de Andrade escreveu:

"Satânico é meu pensamento a teu respeito e
ardente é o meu desejo de apertar-te em minhas mãos,
numa sede de vingança incontestável pelo que me fizeste ontem.
A noite era quente e calma e eu estava em minha cama,
quando, sorrateiramente, te aproximaste.
Encostaste o teu corpo sem roupa no meu corpo nu,
sem o mínimo pudor! Percebendo minha aparente indiferença,
aconchegaste-te a mim e mordeste-me sem escrúpulos.
Até nos mais íntimos lugares.
Eu adormeci.
Hoje quando acordei, procurei-te numa ânsia ardente, mas em vão.
Deixaste em meu corpo e no lençol provas irrefutáveis do que entre nós
ocorreu durante a noite.
Esta noite recolho-me mais cedo, para na mesma cama te esperar....
Quando chegares, quero te agarrar com avidez e força.
Quero te apertar com todas as forças de minhas mãos.
Só descansarei quando vir sair o sangue quente do seu corpo..
Só assim, livrar-me-ei de ti...... pernilongo Filho da Puta...”

Um abraço para todos
Antonio Viegas Palmeiro

TRIOLOGIA DE CIDADES NO SUL DE MINAS

TRIOLOGIA DE CIDADES NO SUL DE MINAS

Hoje a Triologia é com as cidades de :

PARAGUAÇU .
MACHADO
ALFENAS

Estas não tem o Fluxo Turistico das cidades do Circuito das Águas “ Caxambu ; S. Lourenço ; Lambari e Cambuquira “ , nem o desenvolvimento Comercial e Industrial de Varginha ; Três Corações ;e Três Pontas !
Alfenas a maior das cidades com População pouco acima dos 90 mil habitantes , é para a região a nivel Académico , o que Coimbra era há 40 anos em Portugal !
Com mais de 10 % da População composta por Estudantes em suas importantes Faculdades !
No entanto a. impressão mais marcante, no que se refere na Região ao aproveitamento econômico da área, é obviamente produzida pelo café.
As lavouras de café ocupam terras imensas, avançando pelas encostas dos morros, até praticamente o topo.
( Impressão semelhante observei no Paraná com as extenções na cultura do milho “ com terrenos mais planos ”) !
Não importa se o terreno é de ondulação mais suave ou bastante movimentado, o café conquista-o palmo a palmo, às vezes alcançando o acostamento da rodovia ( Estrada ). Não raro o verde confronta, embaixo, com o azul levemente ondulado dos braços do lago da represa;
Outra impressão forte é gerada pela resistência – será esse o termo mais apropriado? – da pequena e média propriedade rural. Salpicadas pelas margens das estradas, organizadas ao redor de casas de morada despretensiosas e reduzidos terreiros para secagem dos grãos de café, essas propriedades quebram a monotonia do verde espichado e folgazão das grandes lavouras.
Os sítios ( denominação de Fazendas até 100 Hectares , e com menos de cinco consideradas de Chácaras ou fazendinhas ) e as fazendinhas deságuam caminhos de terra sobre o piso asfáltico das rodovias regionais. Junções que forçam paradas de ônibus ( autocarros ), ao colocarem homens, mulheres e muitas crianças na beira das estradas. Gente sem pressa à espera da hora de ir ou de vir, no movimento pendular que entrelaça roças, povoados e núcleos urbanos – por isso, a rua de comércio transborda no meio do dia. É a presença dessa agricultura de talhe familiar que mantém vivo o charme que ainda há na feira de domingo, em Alfenas.
E também é ela que abastece com produtos deliciosos as vendinhas de estrada,onde o viajante pode saborear doces, quitandas, queijos e embutidos( Linguiças e outros enchidos de carne ) de fabricação artesanal, oriundos de cidades do Sul de Minas.
Mesmo com populações pequenas e pouquíssima distância de Alfenas, Varginha ou Poços de Caldas. Na verdade, algumas dessas cidades são aglomerações de casas, com tímidas funções urbanas, circundando praças de igrejas ( geralmente denominadas de Matriz ).
O lago de Furnas ( uma hidroeléctrica ) que atinge 34 Municípios da Região ocupando uma área de 1.457,48 Km², , também conhecida pelo Mar de Minas tem suas Praias cortejada por jet skis, lanchas, balsas e barcos. Constitui uma atração de forma mais regional ..
É um Paraíso para os Pescadores , pela abundância de peixe “a que pessoalmente não dou nota alta “ , a Traira ou Tainha de água doce tem espinhas assim como a parte inferior do Safio , já o Cascudo tem um sabor semelhante á Pata roxa , o mais saboroso que comi ainda foi a Tilápia quase semelhante á Dourada , no entanto é bom saber sua proveniência !
Machado com cerca de 40 mil habitantes é urbe mais encorpada, que se desdobra sobre vertentes íngremes de morros relativamente elevados. Uma cidade que parece viver em dois níveis. A parte mais baixa, ocupada no passado pelas instalações da estrada de ferro, está ligada ao comércio de máquinas e implementos rurais, de gêneros agrícolas e contém também unidades industriais.
A parte mais alta, cujo centro é uma bela praça, concentra o comércio mais refinado e os serviços financeiros e administrativos. Curiosamente, há em Machado mais adensamento do que na vizinha Alfenas. Questão talvez de topografia. Ou teria havido ali menor acumulação de capitais do que em Alfenas ? Seja como for, há muitas décadas Machado chama a si mesma de “Atenas do Sul”, gabando-se de cultivar certo refinamento cultural, em alguma medida revelado no casario e no arruamento da cidade
Paraguaçu a menos povoada com cerca de 20 mil habitantes ,surpreende. Á entrada o Avião . Quem passa pela BR-491 geralmente não se dá conta disso. Entretanto, o viajante que entra em Paraguaçu logo percebe que seus habitantes são muito hospitaleiros, a cidade é mantida no capricho. Há muitos casarões da primeira metade do século passado bem conservados, duas praças grandes e de paisagismo agradável. Paraguaçu é, por causa de seu patrimônio de “pedra e cal”, uma atração . Creio que, nesse caso, vale inteiramente o ditado popular: tamanho não é documento.
À saída de Paraguaçu , podemos tomar o rumo de Alfenas ou Machado , neste caso virando à Esquerda , as distâncias são praticamente as mesmas , no entanto para ir de Machados para Alfenas têm de se andar mais de trinta quilômetros .
Na Complemento desta publicação , escrevo sobre o café , não esquecendo o Orgânico nem o Kopi Luwak !

Saudações Costeletas
António Encarnação

DO CORREIO



DO CORREIO
Plantação de café

O Café


CORREIO DO BRASIL

O CAFÉ E SUA PRODUÇÃO

Como a maioria dos Produtos de Origem Vegetal que consumimos , o Café deixou de ser um artigo com produção inicial denominada Agricola , para se transformar na generalidade Industrializado nas diversas Fases Produtivas que vão desde a Preparação de terrenos até chegar á chavena em que o bebemos !
Se verificarmos os Países maiores Produtores de café temos o : Brasil com mais de 25 % da Produção Mundial ;
Colômbia ; Indonésia ; México ; Vietnã , Costa deo Marfim ; Etiopa ; Uganda; Paises que tem em Comum Baixos salários aos trabalhadores agricolas na Escala Global .
Morei numa Região em que imperava a Produção do Café há menos de 20 anos, e reparei como funcionava o sistema : Para melhor enendimento dou como exemplo a oliveira que na forma tradicional nessa época só a colheita não dava ao Produtor condições de pagar a apanha da azeitona em Portugal , considerando que o ciclo de vida da Oliveira até pode ser centenário e do café de pouco mais de uma dezena de anos .!
Com um salário 5 vezes menor no Brasil que em Portugal , ainda ia dando de acordo com o trabalho em sistema de Produção a ser efetuado pelo trabalhador sem qualquer vinculo empregadiço que na maior parte do ano trabalhava na capina ( limpeza ) dos terrenos a ser definida por áreas diárias , em que dificilmente alcança no final do mês o salário , a ser compensado na altura da colheita de Maio a Agosto em que de acordo com a capacidade fisica de cada um pode alcançar até dois ou tres salários de acordo com a quantidade de grãos colhidos .
Perante o Fazendeiro responde o Turmeiro responsável pela seleção dos trabalhadores e dos pagamentos aos mesmos , sendo retribuído com pencentual sobre o trabalho que lhe dá na prática quase o dobro da média do salário do trabalhador .
A Planta de café tem um cilclo de vida curto ( pouco mais de uma dezena de anos ) o que obriga a renovação das Plantações . O tratamento dos Terrenos têm influência com o rendimento da Produção , e na Região os mesmos são de natureza ácida ! o que obriga a misturar calcário moído ! Na economia de mão de obra na adubação os produtores faziam acordo com trabalhadores lhes fornecendo adubos e sementes de feijão para plantarem nos corredores da plantação do café . recebendo em troca metade da colheita do feijão .
Não se imagine que o trabalho no café se limita á plantação , capinagem e colheita . Muito se tem a fazer depois com a secagem dos grãos que vem envoltos por um pequeno fruto que depois vira casca e protege a semente ( o café ) até durante anos , na forma tradicional efectuada num terreiro em que diáriamente era necessário remover a fim de evitar fungos , cobrir durante a noite com telas de forma a evitar humidade e mesmo a chuva .( actualmente este trabalho já é feito por equipamento de Secagem ) Depois tem a descasca e a venda a pequenas Empresas que Posteriormente revendem para outras que efetuam a Seleção ; distribuição ou exportação .
Na evolução dos Salários se inclue o Aumento produtivo por meio das ciencias e tecnologias que chegam a provocar o barateamento dos Produtos devido ao efeito Competitivo em que a Qualidade é opção sobre a quantidade !
O Café no Brasil não fugiu à Regra e como maior Produtor e consumidor , a preocupação deixou de ser prioritária para a exportação mas se inclue também no Mercado interno onde a qualidade é apreciada !
Daí ter entrado na Produção Orgânica , uma tarefa em que admiro a luta travada para o objectivo ! Não basta iniciar uma produção sem Fertilizantes em que o factor mão de obra aumenta ! O mesmo não acontece com os Agrotóxicos nas funções de fungicidas e inseticidas ( excluindo herbicidas ) o calcanhar de Aquiles ! encontrar soluções práticas está longe e são expendiosas . exemplo plante num terreno umas couves e Pessegueiros , dificilmente escapará ao bichamento das folhas e dos frutos , mesmo que não exista outras plantas a quilometros de distâncias ! encontrar equilíbrio de cada ambiente através da Teoria de manutenção de áreas de matas, aumento da diversidade , isolamento de áreas vizinhas que adotam manejo convencional, etc. Estas tácticas visam aumentar o número de inimigos naturais e, conseqüentemente, diminuir a pressão de pragas e doenças ? a maioria das vezes, estas medidas não são suficientes para impedir a ocorrência de problemas fitossanitários, principalmente em função de desequilíbrios temporários naturais que acarretam estresse, do uso de cultivares suscetíveis e de fatores não controláveis que venham determinar o aumento da incidência de pragas e de agentes de doenças não é Fácil , e necessário ter uma fé quase inabalável !
O Município de Machados em Minas Gerais foi no ano de 2004 a capital Mundial de café Orgânico , em 2003 o Brasil era o 6º Produtor Mundial , já em 2009 está em 2º , representa uma corrida em que já só está perdendo para o maior produtor de Produtos Orgânicos o México !
Há dias num programa do Jô na TV , assisti a um programa com um Especialista em cafés com destaque nas tiragens , e acabei por ver um tipo de café já produzido no Brasil , mas que não consegui encontrar informações no País e sim na Indonésia que transcrevo :
O café mais caro do mundo, conhecido como Kopi Luwak, é comercializado a mais de 250 euros por kilograma.
O seu nome “Kopi Luwak” vem da palavra bahasa (indonésia) para “café” e de “luwak”, um pequeno primata asiático que selecciona com os seus critérios, os grãos de café que lhe são apresentados, para os comer. Os preparadores recolhem depois das fezes do “Luwak” cada grão de café, lavam-nos cuidadosamente e produzem assim aquele que os especialistas consideram o melhor café do mundo. Os grãos conhecem uma pequena fermentação natural no estômago dos “Luwak”, o que lhes confere um sabor levemente achocolatado.
Embora altamente valioso, não é possível produzir mais do 100 Kg de “Kopi Luwak” por mês

Saudações Costeletas
António Encarnação

DO CORREIO




DO CORREIO


CORREIO DO BRASIL

Quando decidi escrever sobre o Brasil , minha Base é se for efectuado um Inquérito entre os Portugueses qual o País que gostariam de Visitar , o Brasil sem dúvida é o mais votado !
Naturalmente que minha sugestão para quem o pretende Visitar é :
Se a visita for curta procure um Agente de Viagens e pesquise os locais onde pretende passar esses dias , e adquira um pacote para os mesmos !
Além de ser a forma mais cômoda , é também a mais econômica porque inclui Hotel com pequeno almoço , assistência pelos guias da operadora e visitas a locais seguros e praticamente por valor semelhante ao que paga se vier por conta próprias só nas passagens de avião .
Longe a idéia de chegar ao Brasil , alugar um carro e conhecer o País como o faria em Portugal . Além das distâncias entre as cidades , tem os Riscos das . Estradas ruins e o Perigo de Assaltos e até de vida !
Para Estadias mais prolongadas existem outras formas de que falarei em outras publicações .

Como naturalmente já repararam o que escrevo é sobre factos ou ocorrências que parcialmente tive presença , e como residi cerca de 08 anos no Sul de Minas num local no Interior sem praias e com a distância entre as três maiores cidades do Brasil ( São Paulo , Rio de Janeiro e Belo Horizonte ) na ordem dos 350 a 400 Km .

Morei numa Pequena cidade , vizinha de outra que me fazia lembrar a novela do Bem Amado : Odorico Paraguaçu , porque é a cidade de Paraguaçu , mas não é da mesma que vou escrever e sim sobre as 3 cidades localizadas ao Norte :

Três Corações .
Varginha .
Três Pontas .

Que há de Especial nessas cidades que ficam ente elas a uma distância de pouco mais de 60 Km. e com uma população superior a 250. mil habitantes no total .
Todas elas são grandes produtoras de café e Varginha se intitula com a PRINCESA DO CAFÉ como existem na região outras com a mesma designação ! e considerados municípios de grande desenvolvimento económico !

Três Corações fica a 10 Km. de Cambuquira uma das cidades do Circuito das Águas do qual fazem parte as cidades de Lambari ; S. Lourenço e caxambu . Com uma População de cerca de 75 mil habitantes , o cidadão natural da mesma mais conhecido é o Edson Arantes do Nascimento , o famoso Pelé !

A pouco mais de 30 Km de distância tem a cidade de Varginha .

É a maior cidade do grupo habitada com 120 mil habitantes , conhecida como a localidade do Abacaxi ou com um Abacaxi por descascar ! ( Geralmente a frase "descascar o abacaxi" significa expor algum problema, revelar uma situação constrangedora ou revelar um segredo, já que abacaxi é sinônimo de problema.) de tal forma que só as cidades vizinhas o contam :
Foi precisamente em 1934 na inauguração da Estação do Trem ( comboio ) que á chegada do primeiro foi efectuada uma grande festa com as maiores personalidades da cidade e suas famílias vestidos a rigor , enquanto atrás estava o povo .
Aconteceu que um ilustre cidadão ao subir na locomotiva por curiosidade puxou um ferro que deu origem a que o vapor de água provocasse o buzinado do trem de forma estridente , não esperando tal barulho as personalidades saltaram correndo com suas casacas a balançarem sem se preocuparem com as senhoras que com seus longos vestidos não os podiam acompanhar !
Para superar essa vergonha actualmente a Paisagem típica da cidade é :
Imagine uma cidade onde as ruas são estreitas, onde a maioria da população "acredita" que mora em uma capital, onde o cidadão mais famoso é um E.T.
Imaginou? Nem precisa, conheça Varginha. Aqui tudo é grande. A cidade é como ilha, só que em vez de água, é cercada de pequenas montanhas por todos os lados. O principal rio da cidade se chama Verde, mas hoje sua cor predominante é a marrom ( castanho ) , devido ao grande consumo de comidas típicas mineiras pela população local. Varginha foi eleita a oitava maravilha do mundo moderno

Claro Varginha passou da cidade do Abacaxi para a denominação de cidade do ET , mas esta designação pode pesquisar na Internet .

A Cidade de Três Pontas também a cerca de 30 Km. De Varginha em sentido contrário ao de três Corações com uma população de cerca de 75 mil pessoas , é conhecida pela cidade do Padre Vitor e de Milton do Nascimento !
O primeiro não por ser natural mas por lá ter exercido as funções de Pároco por 53 anos e contam que . Faleceu no dia 23 de setembro de 1905. A notícia abalou a cidade e toda a região já o venerava chorou a morte de seu líder, de seu protetor, do mensageiro entre Deus e os homens. Ficou insepulto três dias e de seu corpo exalava perfume
Fez de muitos filhos de famílias humildes verdadeiros homens da cultura, que passaram a viver da inteligência, nas mais variadas profissões.
Padre Victor pregou, pelo exemplo, a fé, a esperança, a fortaleza, a prudência, a justiça, a obediência, a castidade, a temperança, a humildade, o temor a Deus e, sobretudo, a caridade. Amava a Deus na pessoa do seu semelhante, de modo especial nos mais pobres. Os paroquianos, em suas necessidades recorriam a ele. Era bom, porém enérgico. “Padre Victor vivia de esmolas e dava esmolas”.
Sobre o Milton Nascimento falam que no início da sua carreira pediu para actuar na Associação Comercial da cidade , e lhe foi negado por preconceito Racial .
Mais tarde já famoso foi convidado pelos representantes da mesma para actuar para as elites , e ao chegar a hora não aceitou os honorários e transferiu a actuação para a praça principal para todo o Povo assistir de graça .
Será verdade ou lenda ?

Saudações Costeletas
António Encarnação

CANTINHO DOS MARAFADOS

CANTINHO DOS MARAFADOS
Um pouco de humor cultural
>
> > A NOVA LÍNGUA PORTUGUESA
> >
> > Desde que os americanos se lembraram de começar a chamar
> > aos pretos
> > 'afro-americanos', com vista a acabar com as raças
> > por via gramatical - isto
> > tem sido um fartote pegado!
> >
> > As criadas dos anos 70 passaram a 'empregadas
> > domésticas' e preparam-se
> > agora para receber menção de 'auxiliares de apoio
> > doméstico'.
> >
> > De igual modo, extinguiram-se nas escolas os
> > 'contínuos 'passaram
> > todos a 'auxiliares
> > da acção educativa'.
> >
> > Os vendedores de medicamentos, com alguma prosápia,
> > tratam-se por 'delegados
> > de informação médica'.
> >
> > E pelo mesmo processo transmudaram-se os
> > caixeiros-viajantes em 'técnicos
> > de vendas'.
> >
> > O aborto eufemizou-se em 'interrupção voluntária da
> > gravidez';
> >
> > Os gangs étnicos são 'grupos de jovens'
> >
> > Os operários fizeram-se de repente
> > 'colaboradores';
> >
> > As fábricas, essas, vistas de dentro são 'unidades
> > produtivas'e vistas da
> > estranja são 'centros de decisão nacionais'.
> >
> > O analfabetismo desapareceu da crosta portuguesa, cedendo o
> > passo à '
> > iliteracia' galopante.
> >
> > Desapareceram dos comboios as 1.ª e 2.ª classes, para
> > não ferir a
> > susceptibilidade social das massas hierarquizadas, mas por
> > imperscrutáveis
> > necessidades de tesouraria continuam a cobrar-se preços
> > distintos nas
> > classes 'Conforto' e 'Turística'.
> >
> > A Ágata, rainha do pimba, cantava chorosa: «Sou mãe
> > solteira...» ; agora, se
> > quiser acompanhar os novos tempos, deve alterar a letra da
> > pungente melodia:
> > «Tenho uma família monoparental...» - eis o novo verso
> > da cançoneta, se
> > quiser fazer jus à modernidade impante.
> >
> > Aquietadas pela televisão, já se não vêem por aí aos
> > pinotes crianças
> > irrequietas e «terroristas»; diz-se modernamente que têm
> > um 'comportamento
> > disfuncional hiperactivo'
> >
> > Do mesmo modo, e para felicidade dos 'encarregados de
> > educação' , os
> > brilhantes programas escolares extinguiram os alunos
> > cábulas; tais
> > estudantes serão, quando muito, 'crianças de
> > desenvolvimento instável'.
> >
> > Ainda há cegos, infelizmente. Mas como a palavra fosse
> > considerada
> > desagradável e até aviltante, quem não vê é
> > considerado 'invisual'. (O
> > termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria
> > chamar inauditivos
> > aos surdos - mas o 'politicamente correcto'
> > marimba-se para as regras
> > gramaticais...)
> >
> > As prostitutas passaram a ser 'senhoras de alterne'.
> >
> > Para compor o ramalhete e se darem ares, as gentes cultas
> > da praça
> > desbocam-se em 'implementações', 'posturas
> > pró-activas', 'políticas
> > fracturantes' e outros barbarismos da linguagem.
> >
> > E assim linguarejamos o Português, vagueando perdidos entre
> > a «correcção
> > política» e o novo-riquismo linguístico.
> >
> > Estamos lixados com este 'novo português'; não
> > admira que o pessoal tenha
> > cada vez mais esgotamentos e stress. Já não se diz o que
> > se pensa, tem de se
> > pensar o que se diz de forma 'politicamente
> > correcta'.

A. Palmeiro

DO CORREIO

DO CORREIO
Correio do Brasil

Parabéns, meu caro António Encarnação, pela iniciativa.
Certamente você vai ter muito para dar a conhecer sobre o sul de Minas Gerais. Trata-se uma região efectivamente muito bonita, onde para além da paisagem existe o mineiro (o mineiro é assim como um alentejano, mas bem mais calminho, não tão acelerado).
Gostaria muito que você falasse de duas cidades dessa região, refiro-me a Machado e a Alfenas, falar de café sem referir Machado é injusto (recebeu recentemente o título de capital mundial do café orgânico). Quanto a Alfenas a sua importância vem essencialmente da sua Faculdade de Odontologia.
De Varginha a Alfenas são 102 Km, Machado fica quase a meio.
De facto Pelé é de Três Corações e como o meu amigo sabe, existe uma estátua dele numa praça da cidade. No entanto a colocação da mesma esteve envolta em polémica, houve muita gente na cidade que não concordou e foram necessários vários dias e muita conversação para que o povo fosse convencido a aceitar. O motivo: O Pelé aparece a jogar ainda garoto, em Baurú, cidade do interior de São Paulo, para onde a família se mudara. Posteriormente verifica-se a ida dele para o Santos; como é sabido, revela-se ainda com 16 anos no Campeonato do Mundo na Suécia, passa a ser figura pública e em entrevistas, nunca referia Três Corações, mas sim Baurú. Os seu conterrâneos nunca aceitaram muito bem esse comportamento. Talvez coisas de adolescente.
Força! Serei um leitor atento
António Viegas Palmeiro

RELEMBRANDO GRANDES FIGURAS ALGARVIAS



RELEMBRANDO GRANDES FIGURAS ALGARVIAS


Cândido Guerreiro

Pedra gravada no Penedo da Saudade. Coimbra.
Crónica "Historial Biográfica" de
Alfredo Mingau

Introdução

Há uns largos anos atrás, fui passear a Coimbra e, visitando o “Penedo da Saudade”, reparei numa bela poesia inscrita numa das pedras. Poesia que encabeça esta crónica. Gostei de ler e nunca mais esqueci.


O Poeta

Francisco Xavier CÂNDIDO GUERREIRO é natural de Alte. Aqui nasceu a 3 de Dezembro de 1871. Foi advogado, poeta e dramaturgo.
Em Faro frequentou o Liceu e o Seminário, tendo constatado que não sentia vocação para o sacerdócio.
Aos 36 anos fez o seu ingresso na Faculdade de Direito em Coimbra. Cinco anos depois, 1907, com o curso Universitário, regressou à sua terra, onde foi recebido com grandes aclamações por ter sido o primeiro da sua terra que tirou um curso Universitário.
Durante a sua estadia em Coimbra, foi reconhecido pela sua inclinação poética, destacando-se pelos seus poemas “Rosas Desfolhadas”, “Pétalas”, “Avé Maria”, “Balada”, “Sonetos” e “Eros”.
Exerceu a prática forense em Loulé, mas sem grande êxito. Foi Notário, tendo sido Presidente da Câmara, período em que a Vila conheceu grandes progressos.
Em 1923 veio residir para Faro, tendo trabalhado como Notário e foi Presidente da Câmara.
Neste período, com um vasto repertório de temas, como filosóficos, picturais, eróticos, lendários, históricos e bíblicos, “Glicínias” (1925), “Promontório Sacro” (1929), “Em Forli” (1931), “Rainha Santa” (1934), “Auto das Rosas de Santa Maria” (1940), foi representado em 1940, com música de Francisco Fernandes Lopes, “As tuas Mãos Misericordiosas” (1945), “Sulamitis” (1947), “Avante e Santiago” (1949), “Uma Promessa” (1950), “Sonetos e Outros Poemas” (1972, edição póstuma).
A poesia do poeta traduz a efectividade à terra que o viu nascer, nunca esquecendo as suas origens e os seus ideais. Foi no soneto que encontrou a forma para a sua poesia, integrando-se nos Renascentistas Portugueses. Muitos dos seus versos foram traduzidos em Italiano, Francês e Alemão.
Em Alte existe uma escola “Escola Profissional Cândido Guerreiro” e a sua casa de Faro “Casa do Poeta Cândido Guerreiro”, na zona do Alto de Santo António, insere-se na linha de “Casa Portuguesa”; está classificada pelo IPPAR.
João de Deus foi homenageado pela Casa do Algarve.
David Mourão Ferreira disse “A sua escrita destacou-se pelo apuro irrepreensível dos seus sonetos”
Veio a falecer no dia 11 de Abril de 1953.

CANTINHO DOS MARAFADOS

CANTINHO DOS MARAFADOS
Nos tempo que correm, com o risco a aumentar, nada melhor que recordar esta pequena sátira do Lobo Antunes.
Um abraço
Antonio Viegas Palmeiro


ANTÓNIO LOBO ANTUNES (Sátira aos HOMENS quando estão com gripe)

Pachos na testa, terço na mão,
Uma botija, chá de limão, Zaragatoas, vinho com mel,
Três aspirinas, creme na pele
Grito de medo, chamo a mulher.
Ai Lurdes que vou morrer.
Mede-me a febre, olha-me a goela,
Cala os miúdos, fecha a janela,
Não quero canja, nem a salada,
Ai Lurdes, Lurdes, não vales nada.
Se tu sonhasses como me sinto,
Já vejo a morte nunca te minto,
Já vejo o inferno, chamas, diabos,
anjos estranhos, cornos e rabos,
Vejo demónios nas suas danças
Tigres sem listras, bodes sem tranças
Choros de coruja, risos de grilo
Ai Lurdes, Lurdes fica comigo
Não é o pingo de uma torneira,
Põe-me a Santinha à cabeceira,
Compõe-me a colcha, Fala ao prior,
Pousa o Jesus no cobertor.
Chama o Doutor, passa a chamada,
Ai Lurdes, Lurdes nem dás por nada.
Faz-me tisana e pão de ló,
Não te levantes que fico só,
Aqui sózinho a apodrecer,
Ai Lurdes, Lurdes que vou morrer.

RELEMRANDO GRANDES FIGURAS ALGARVIAS


RELEMRANDO GRANDES FIGURAS ALGARVIAS
JOÃO DE DEUS


Crónica “historial Biográfica” de
Alfredo Mingau

JOÃO DE DEUS de Nogueira Ramos, natural de São Bartolomeu de Messines, onde nasceu no dia 8 de Março de 1830. Os pais Isabel de Gertrudes Martins e Pedro José dos Ramos, era uma família modesta e natural de São Bartolomeu de Messines. O pai era conhecido pelo “Pedro Malgovernado”, porque gastava com os filhos mais do que podia.
João de Deus fez o estudo de latim e ingressou no Seminário de Coimbra. Os Seminários eram, então, o caminho aberto aos mais necessitados e de parcos recursos para prosseguir os estudos.
Em 1850, porque, não sentia vocação para seguir a vida eclesiástica, ingressou na Universidade de Coimbra, matriculando-se em Direito.
A vida académica foi, para ele, uma vida de boémia, tendo-se formado passados 10 anos do seu ingresso, o que aconteceu a 13 de Julho de 1859.
Desde sempre revelou os seus dotes líricos, com versos que circularam no mundo académico e obtinha, com eles, parcos rendimentos para a sua subsistência. Alguns condiscípulos e amigos chegaram a fazer, para o ajudar, colectâneas das suas poesias que eram publicadas na imprensa de Coimbra. A sua reputação cresceu com estas publicações.
No final do curso fixou-se em Coimbra, dando pouca atenção à advocacia e continuando a escrever poesia, enveredando pelo carácter “satírico”.
Em 1862, aceitou o convite do periódico “O Bejense”, jornal de maior expansão do Alentejo. E aqui ficou até 1864, regressando à sua terra natal, onde exerceu, sem sucesso, a advocacia.
Em 1868 concorre, como candidato independente, às Cortes e, a 18 de Maio de 1868 presta juramento e inicia a sua actividade parlamentar.
Em 1869, em declarações ao Jornal “Correio da Noite”, “Que diacho querem vocês que eu faça no Parlamento? Cantar? Recitar versos? Deve ser (…) gaiola que talvez sirva para dormir lá dentro a ouvir a música dos outros pássaros. Dormirei com certeza!”
Pouco depois da sua eleição casou com Guilhermina das Mercês Battaglia, senhora de boas famílias. Nasceram dois filhos Maria Isabel Battaglia Ramos e José do Espirito Santo Battaglia Ramos que viria a ser Visconde de São Bartolomeu de Messines.
Trabalhando na sua obra poética publicou a colectânea “Flores do Campo” e escreveu outras consideradas de “Ultra-romantismo”. Teófilo Braga reuniu, organizou e compilou os seus textos líricos, satíricos e epigramáticos que foram editadoa com o título de “Campo de Flores”, na qual foi incluído o “Poema Lascivo” “Criptinal” que provocou escândalo.
Em 1876 envolve-se em campanhas de alfabetização, escrevendo a obra que haveria de o tornar Pedagogo “A Cartilha Maternal”. Alexandre Herculano e Adolfo Coelho, consideraram-na uma obra genial e de grande utilidade, Esta obra foi aprovada oficialmente como método nacional de aprendizagem da escrita da língua portuguesa.
Em 1895 foi organizada uma grande homenagem ao poeta, por iniciativa dos estudantes de Coimbra. O Rei D. Carlos impôs-lhe a “Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada”, com comemorações em todo o país.
Pouco tempo depois, O Ministério do Reino, por iniciativa de Joaquim Pedro de Oliveira Martins, decidiu retirar das salas de aula os quadros da “Cartilha”.
João de Deus fica doente com uma enfermidade cardíaca e viria a falecer, em Lisboa, no dia 11 de Janeiro de 1896. Está sepultado no Panteão Nacional.
Em São Bartolomeu de Messines, a casa onde o poeta nasceu tem, na sua fachada, uma lápide alusiva ao poeta.
É considerado “O Poeta do Amor”.

CANTINHO DOS MARAFADOS = Como Poderíamos Passar Sem Estes Conselhos!

Como Poderíamos Passar Sem Estes Conselhos!

Advertências, conselhos, sugestões reais e extremamente pertinentes de marcas conhecidas, relativamente a alguns dos seus produtos.
Aqui vão algumas, devidamente idiotizadas:


-Numa embalagem de sabonete Dove:
"Utilizar como sabonete normal"
(Boa! cabe a cada um imaginar para que serve um sabonete anormal)

-Em algumas refeições congeladas da Iglo:
"Sugestão de apresentação: Descongelar"
(É só sugestão! Agora façam dela o que quizerem!)

-No pudim da marca Minipreço:
"Atenção pudim estará quente depois de aquecido"
(Onde estaríamos nós sem os senhores do Minipreço para nos guiarem)

-Numa embalagem de tábua de engomar da Rowenta:
"Não engomar a roupa no corpo"
(Sim, tem gente pra tudo)

-Num medicamento da Boots para o catarro INFANTIL:
"Não conduza automóveis nem maneje maquinaria pesada, depois de tomar este medicamento"
(Andamos a ler muito "Os Cinco", o "Clube das chaves", "Uma aventura", não andamos?

-Nas pastilhas para dormir da Nytol:
"Advertência, pode causar sonolência"
(Pode, não... deve!)

-Numa embalagem de luzes do Natal:
"Usar apenas no interior ou no exterior"
(Eu agredecia muito que alguem me dissesse qual seria a terceira opção)

-Nos pacotes de amendoins da Matutano:
"Aviso: Contém amendoins"
(Ai pá, mania de estragarem as surpresas)

- Numa embalagem de serra eléctrica da marca sueca Husqvarna:
"Não tente deter a serra com as mãos ou os genitais"
(Definitivamente coisas estranhas acontecem na Suécia)

-No iPod Shuffle, da Apple:
"Não comer"
(E agora faço o quê com isto?)

-Nos pacotes de nozes para os passageiros da American Airlines:
"Instruções: abra o pacote, coma as nozes"
(E arrotar depois, será que posso? Agora não sei se posso)

Ele há cada coisa!...


António V. Palmeiro

CANTINHO DOS MARAFADOS

CANTINHO DOS MARAFADOS
SEMPRE HÁ CADA NOME PRÓPRIO

IN “O LIVRO”
do Saudoso
“Franklin Marques”


Tenho uma afilhada,
A quem chamei Juvenália.
Mas não gosta. A marafada.
Quer mudar p’ra Vaginália.

Não há pr’ai uma ajuda
Pra levantar a coisália?
Não há ninguém que me acuda?
Não há uma Vaginália?

D. Orália está doente.
Está muito mal a coitada:
- comeu muito de repente
E acabou engasgada. (…)

EPISÓDIOS DA VIDA REAL

EPISÓDIOS DA VIDA REAL
Saudações Costeletas
Para o moderador

Como já tive oportunidade de referir, existe um contencioso entre o “escrevinhador” e a máquina fotográfica. Espero que o mesmo litígio esteja resolvido hoje. As noticias que tenho não são boas para mim, uma vez que segundo o meu advogado, vou ter que enfrentar a dita cuja e como pena acessória fazer a digitalização, parece que é assim que se diz. (modernices, eu meto-me em cada uma).


Ousadia

É na realidade uma ousadia esta minha atitude de escrever algumas coisas para que outros possam ler. Profissionalmente nem sou de letras, sou sim de números, e o que escrevi regularmente foram relatórios e reclamações aos sucessivos ministros das finanças, reclamando dos impostos. Parafraseando o personagem da novela de Dias Gomes, Odorico Paraguassu, sou um “reclamador militante”.
Humildemente peço perdão pela ousadia e ficarei muito feliz se pelo menos um costeleta tiver a pachorra e a bondade de ler o que escrevo.

Episódios da vida real

Pelo que antes foi escrito por mim e pelo colega António Encarnação, é do conhecimento geral que vivi parte da minha vida no Brasil e que esse período foi fértil em acontecimentos, digo eu agora, mas também a minha forma de estar na vida, contribuiu para que a mesmice, em que a mesma por vezes se transforma, não estivesse no meu horizonte.
Vamos então aos factos:
Algum tempo antes de tomar a decisão de sair do país, assisti eu e certamente muitos outros portugueses, pela televisão, a um incêndio pavoroso, num edifício de escritórios no centro de São Paulo, edifício “Joelma” de seu pomposo nome e de triste memória.
Foi pavoroso assistir às pessoas em desespero, lançarem-se dos andares mais altos, como ultima esperança de salvação, morreram então, salvo erro 32 pessoas. Ficou na minha memória visual, um homem (a última vitima) lançando-se do andar mais alto e ficar imóvel, sem vida, no asfalto.
O tempo tudo faz esquecer e passados alguns dias obviamente ultrapassei, mais uma noticia de uma tragédia, idêntica a tantas outras que nos são dadas a conhecer diariamente.
Ao iniciar a minha vida profissional em São Paulo, fui apresentado a todos os colegas e chamou-me a atenção um colega mais velho, certamente com mais uns 30 anos do que todos os outros e que se chamava António Borges, por coincidência o nome do meu falecido sogro. A simpatia foi mútua e como ele não tinha carro, passei a dar-lhe carona (boleia) para o centro da cidade, a empresa situava-se no Alto da Lapa, longe do centro.
Apercebi-me então que ele queria ficar sempre no mesmo local, ainda longe de casa e tentei desvendar o mistério sem conseguir, o que me fez sentir a necessidade de lhe perguntar.
Fui então confrontado com um homem, que naquele momento, dentro do meu carro, me pareceu ter mais de 100 anos, duas grossas lágrimas escorriam-lhe pelo rosto. Fiquei chocado.
Contou-me então que 200 metros à frente do local onde me pedia para parar, ficava a Praça das Bandeiras e que nessa praça se situava o edifício “Joelma”. Este local era de passagem obrigatória para quem vinha da Av. 9 de Julho para o centro.
Perguntou se eu sabia do incêndio que tinha destruído aquele edifício, ao que lhe respondi que sim, que tinha assistido pela televisão quando ainda estava em Portugal!
- Ah então você ainda viu o meu filho vivo, foi aquele que se jogou do ultimo andar, a ultima das vitimas. Fiquei sem palavras, sem saber o que dizer ou que pensar. Ele continuou:
- O meu filho foi um herói, talvez tivesse, se ainda estivesse entre nós, a sua idade. Uma vida pela frente. A licenciatura em Administração de Empresas, permitiu-lhe candidatar-se a um bom emprego numa multinacional, eram 16 pessoas que trabalhavam sob suas ordens naquele escritório, todos se salvaram, proporcionou a todos uma saída rápida e segura, só ele já não teve tempo, continuou sem que eu conseguisse esboçar uma palavra:
- Ainda trabalho para ajudar os meus dois netos, cuja responsabilidade carrego sobre os ombros.
Compreendes agora porque não consigo passar em frente desse maldito edifício?
Mais uma vez não consegui responder, não encontrava palavras perante tanta dor demonstrada.
Quando cheguei em casa, senti a necessidade de abraçar as minhas 3 filhas .
O Joelma foi recuperado mas durante alguns anos ninguém, alugou ou comprou qualquer parte do imóvel, mas como disse no inicio o tempo cura as feridas, mas não faz esquecer.
Amigo Borges, estejas onde estiveres e só podes estar num bom lugar, a pessoas da tua qualidade Deus sempre reserva os melhores lugares, aceita a minha singela homenagem.

António Viegas Palmeiro

UM TEXTO...DIÁRIO, SEMANAL, MENSAL...OU DE VEZ EM QUANDO

UM TEXTO...DIÁRIO, SEMANAL, MENSAL...OU DE VEZ EM QUANDO


PASSEIOS POR FARO IDO - I


Hoje proponho um passeio pelas ruas de Faro, que nas décadas de cinquenta e sessenta, concentravam a grande maioria das empresas comerciais da época.
Começo na Rua Conselheiro Bívar na confluência com o Praça Ferreira de Almeida, até ao Largo da Madalena. Depois, a Rua Infante D. Henrique até ao início do Largo de Camões ( justamente no Palácio Mateus da Silveira, hoje conhecido como Hospital Privado de Santa Maria):
No início da Rua Conselheiro Bívar, no gaveto direito havia a Singer e do lado esquerdo, o Café Coelho (pai do costeleta Virgílio Coelho). Na continuidade do café existia uma latoaria e de seguida, a filial da empresa H. Vaultier, onde trabalhou durante muitos anos o costeleta Tinoco ( cunhado do Paixão Pudim ).
Continuando a subir, a Farmácia Paula, em que era ajudante de farmácia o Silva (Silvinha para os amigos), padrasto do costeleta R. Seromenho. No seguimento deste quarteirão, os armazéns de mercearia do J. A. Costa, no qual trabalharam muitos costeletas - Francisco Bexiga, César Nobre, F. Chumbinho, Adelino Amaro e António, Jorge Tavares, e também, o filho do próprio dono, o Fernando Costa.
No primeiro andar destes armazéns existia o único notário da cidade, tabelião, como se chamava à época. Subindo um pouco mais, paramos agora à entrada da travessa que dá acesso à Rua da Alfândega, onde pedia esmola o Bagdad (cidadão farense e residente nos Moinhos da Grelha), dada a incapacidade física resultante dum acidente de comboio, que o deixou sem pernas.
Volto agora ao início da rua, para fazer o percurso pelo lado contrário:
Contíguo à Singer era o estabelecimento do José da Rosária, mecânico e alugador de bicicletas a pedal. De seguida, a entrada dum edifício apalaçado, pertencente à família Justino Cúmano.
Continuamos com alguns armazéns da empresa J.A. Costa e terminamos este quarteirão, com o estabelecimento de mercearias e cereais do José Patrocínio, a quem nós, os mais jovens, apelidávamos de Zé Católico, atendendo à sua fortíssima religiosidade.
A travessa que se seguia dava acesso a dois importantes restaurantes, conhecidíssimos e à época muito frequentados: O Joaquim das Iscas e o Manuel da Adega dos Arcos.
Retornando ao outro lado da rua, e logo após a travessa onde o Bagdad pedia esmola, estava o estabelecimento de mercearias do António Guerreiro, especialmente frequentado pelos montanheiros - assim denominados por serem oriundos das hortas que rodeavam a cidade.
No primeiro andar desta mercearia estava instalado o Grémio dos Cereais, cujo responsável era um alentejano de nome Mora Féria, e onde era escriturário o Pedro (vulgarmente chamado por Pedro do Grémio). Continuando, encontramos o local onde o Madeira fabricava os sorvetes que o Coelhinho e outros, vendiam pela cidade - lembram-se do famoso "mola abaixo"??.
Mais adiante, os escritórios da empresa Marques, Vaz Velho & Caiado, os despachantes oficiais mais importantes de Setúbal ao Algarve: Era seu principal responsável administrativo o J. Rosário, também ele costeleta. O sapateiro que se seguia no quarteirão, foi uma vítima dos nossos abusos: Encostados à janela que estava sempre aberta, iniciava-se a lenga-lenga "Sapateiro remendeiro, come tripas de carneiro, bem lavadas, mal lavadas, lá vai tudo às colheradas..." e a resposta não se fazia esperar. Lá vinha uma forma em madeira, um sapato ou uma bota!
No primeiro andar, por cima do sapateiro, havia o único médico pediatra da cidade: O Dr. Rogério Peres, que de certeza medicou muitos costeletas e suas famílias.
Mesmo percurso, outro lado da rua:
No seguimento da travessa, vinha o estabelecimento de mercearias do A. Viegas, que se distinguia dos seus pares por usar uma bata comprida e de côr cinzenta, típica da actividade. Seguia-se a loja do alfaiate mudo ( tio dos costeletas Vitor e António Sabino) e o estabelecimento de barbearia do Sr. Virgílio, pai do bife Arnaldo Luzia da Silva, que morreu em acidente de aviação. No primeiro andar, por cima do alfaiate, o médico dentista Cardoso de Oliveira, que também deve ter assistido a muitos dos nossos. Seguia-se o stand de automóveis Citroën, onde trabalharam os costeletas Jorge Primitivo, Francisco Pinheiro, J. Francisco Moreira, Jorge Tavares, Fontainhas, de entre outros. Continuando rua acima, aparecia-nos a Farmácia Pontes Sequeira, o esbelecimento do José Panasqueira Gago, produtor e distribuidor de lexívia e a Agência de Viagens do Arcanjo Viegas. Este agente de viagens, onde trabalhou muito tempo o costeleta Vitor Sabino, era casado com a "famosa" professora primária Pessanha Viegas, de que todos certamente nos recordamos, pelo melhor e pelo pior.
No primeiro andar deste estabelecimento funcionou a Associação de Futebol de Faro, e o Aero Clube de Faro.
Continuando o percurso, encontrávamos os escritórios dos importadores e comerciantes de palma, oriunda de Marrocos, que embora sendo Louletanos estavam estabelecidos em Faro, pelo facto das descargas de palma serem feitas no cais do Neves Pires ou na doca, conforme o calado dos barcos.
Por ora, terminamos esta parte do passeio no Edifício da Junta dos Portos de Sotavento do Algarve, entidade pública com a qual relaciono o Celestino Rebeca, pai do costeleta Rebeca e também o Sena, igualmente costeleta dos antigos.
Descansemos uns dias, para continuar a subir a Rua Conselheiro Bívar, passar o Largo da Madalena e seguir pela Rua Infante D. Henrique.

Jorge Tavares
costeleta 1950/56

DO CORREIO



DO CORREIO

Correio do Brasil

Imaginem eu a perseguir-te António Palmeiro ? digamos no Bom Sentido , quem sabe se um dia nos iremos encontrar assim como ao amigo João Brito de Sousa e compartilhar um bom Wisky !
Te agradeço o complemento do termo Bóia fria , podia ter escrito Trabalhador Rural mas as palavras ás vezes nos surgem e daí a ter utilizado . Em Caxambu utilizam muito o termo de “rango “ representa vamos ao almoço !

E já que aqui estou , vou falar sobre a cidade !
Cheguei a Caxambu em 1985 , pela mão de um veterinário que conheci no Rio de Janeiro “ Dr. Tarcíso “ uma cidade muito acolhedora e muito visitada pelo adeptos das águas , boa estrutura Hoteleira onde o visitante encontra tudo o que precisa para a estadia . E uma população bem calorosa !

Naturalmente me mostraram o Parque das águas , onde me falaram das qualidades de cada uma das 12 Fontes , mas o Veterinário desfez logo o misticismo me falando que a Princesa tinha problemas de Anemia e o Ferro das Águas curou sua Suposta infertilidade !

Esta é a visão moderna porque na época o sentimento ( 1868 ) era diferente , e levou a que em reconhecimento se Construísse a Igreja de Santa Isabel da Hungria , ficando na actualidade o Misticismo para a cidade de São Tomé das Letras a cerca de 20 Km.!

Na época em que lá morei a cidade era um feudo dos Donos dos Hotéis , e difícil de ser penetrada por actividades que oferecessem concorrência , daí a população falar que a cidade estava estagnada em comparação a São Lourenço , bem mais desenvolvida .

Há quase 03 anos visitei de novo e vi que Caxambu evoluiu bastante, , mais que a Rival São Lourenço embora as estradas continuem como antes “bem mal “, me recordo que na cidade existia um único tractor e a lavoura era por arados e vacas , ao falar nesse caso com um fazendeiro me falou meu pai fazia assim e antes o pai dele etc. tinham feito da mesma forma enfim para o empreendedor o conselho era ir para Baependi a pouco mais de 5 Km ou outra cidade, e deixassem Caxambu como estava .

Conheço o Jardim Satélite mais por visita ao shopping , é uma das Partes Nobres e nova da cidade , moro na Vila industrial jardim Maracanã , depois do Jardim Ismênia e antes do Tesouro , parte Leste da Cidade .

São José neste últimos 20 anos mais que duplicou sua população e a actual crise se pode falar que não está afectando muito a economia .
Saudações Costeletas.
António Encarnação

DIVERSOS

DIVERSOS
Para: João Brito Sousa

- Quero agradecer os teus comentários e dizer-te que estou ponderando a possibilidade de escrever a crónica sugerida. Eu percebi a provocação, perfeitamente natural e aceitável entre o mestre e o aprendiz.
Um abraço costeleta
António Palmeiro

Para: António Encarnação

- O que escreves-te, em minha opinião, reflete a realidade. Quero parabenizar-te por isso.
Na verdade, o Brasil, um país de dimensões continentais, apresenta diversas realidades.
Se me permites, gostaria, só para ajudar o entendimento, de explicar o que é um "boia fria" a que fazes referência e que provavelmente, muitos dos nossos colegas não sabem o que é.
A história que conheço é esta:
O termo "bóia fria" é muito usado para definir um trabalhador menos qualificado. Ex. : um carregador, um cortador de cana, ou qualquer outro que tenha que se deslocar, ou seja sair de casa de manhã e só regressar à noite, tendo que almoçar fora. Como é sabido o brasileiro chama de bóia à comida.
- O que é o almoço? Passa a: O que é a bóia? Hoje vou a tua casa filar.te o almoço, ou seja, hoje vou a tua casa filar-te a bóia.
Então os trabalhadores atrás referidos levavam de manhã quando saíam de casa uma marmita, já com a refeição confecionada, que obviamente quando fosse consumida estaria fria, daí o termo "boia fria".
Inicialmente os "bóias frias" eram só os cortadores de cana e os que transportavam a cana até ao engenho, no entanto a criatividade do brasileiro fez o resto.
Claro que hoje, mesmo qualquer trabalhador menos qualificado, tem meios facultados pelas empresas para aquecer as suas marmitas. Mas o nome ficou!
Quero pedir de novo desculpa mas não resisti a dar esta explicação.
Para terminar pretendo saber o motivo porque me persegues! Sul de Minas, boa opção, Caxambú melhor ainda (todo o circuito das águas é fantástico - Caxambu, São Lourenço, Lambari, Cambuquira, Poços de Caldas). Em Caxambu até a água engravida as mulheres, que o diga a Raínha. Quem conta esta história, contas tu ou conto eu?
Depois continuaste a perseguição em São José dos Campos, só não sabes onde eu morava, mas eu digo, no Jardim Satélite. Incrivel a coincidência com mais de 20 anos de diferença.
Um abraço costeleta
Antonio Palmeiro

DO CORREIO

Correio do Brasil

Ao escrever para o Blog , não me move outro interesse além dos temas despertarem interesse na Comunidade Costeleta , da qual fazem parte bons intervenientes na área das letras ( Escrita e Poesia e narradores do passado) !
Eu que nem sou candidato, mas um curioso na Escrita , porque na poesia sou mesmo inapto !
Ao escrever sobre o Brasil , permitiu que o Costeleta António Palmeiro nos presenteasse com sua intervenção , diga-se com boa qualidade ! assim como verifiquei o interesse do amigo JBSousa .
Aqui no Brasil nada se pode generalizar ,seja em que tema for !
Como não se pode generalizar a Cultura e a forma de ser dos Europeus sempre diferentes de País para País nas diversas regiões de cada um dos Países !
Com 5.564 cidades e uma população quase nos 184 milhões de habitantes , em que existe avanço tecnológico muito desenvolvido em várias áreas , também tem população que vive da mesma forma que há dois Séculos atrás “ Índios e caboclos ( mestiços de índios e negros ) “ , e se este número não é maior , se deve á Televisão que praticamente chega a quase todos os recantos do País .
Na minha primeira estadia neste País morei 08 anos (1985 a 1993 ) em duas pequenas cidades ao Sul de Minas Gerais cujos nomes são para a maioria dos portugueses desconhecidos ! Caxambu e Eloi Mendes .
Saí de Portugal em 2006 e estou na Cidade de S. José dos Campos no Estado de São Paulo actualmente .
Duas épocas ; dois locais ; duas realidades diferentes !
Enquanto da Primeira em termos econômicos eram necessários 05 salários Brasileiros para completar 01 salário mínimo Português , na segunda basta 02 salários brasileiros para suplantar um salário Português.
Enquanto até 1993 , o Brasil não chegava a contar com um milhão de Turistas estrangeiros por ano , actualmente está quase nos 6 milhões de visitantes !
Ao pensarmos que os Visitantes em Portugal ultrapassam os 12 milhões , se retirarmos os de Nacionalidade Européia , Portugal ficaria actualmente com menos de um milhão de visitantes estrangeiros !
Enquanto na Primeira a educação era descriminada de educação para pobres como forma de terem mão de obra sem qualificação para a Produção no café ; e Escolas para "outros" , com filhos a estudar na primeira escola , tive de transferi-los para um colégio , e mesmo assim ao chegar a Portugal um deles que freqüentava o segundo ano passou automaticamente para o quarto no nosso País .
Nesta segunda fase encontro aqui há vários anos a obrigatoriedade do segundo grau ( 11 ano ) e como uma cidade altamente tecnológica , também outras faculdades com cursinhos a perder de vista sem nada a ver com o Ministério da Educação .
Enfim tenho a certeza de que o Euro perdeu para o Real cerca de 30 % no poder de compra !
Com quase setenta anos é possível que minhas visitas a Portugal sejam muito poucas , e naturalmente acabarei aqui !
O que não impede de observar a qualidade de vida , e segundos algumas notícias , já se fala ... é possível que este País passe para o quinto lugar na economia mundial .
Mas não querendo fazer futurismo , acredito que o Brasil é um País com Futuro !
É com orgulho que afirmo que práticamente não se encontra um Português a trabalhar como Boia Fria ou na categoria sem qualificação profissional neste País !

Um bom fim de semana !
Saudações Costeletas

RELEMBRANDO GRANDES FIGURAS ALGARVIAS



RELEMBRANDO GRANDES FIGURAS ALGARVIAS


ANTÓNIO ALEIXO

De Alfredo Mingau

Introdução

Sei que pareço um ladrão…
Mas há muitos que eu conheço
Que, sem parecer o que são,
São aquilo que eu pareço.

Era eu “Moce”, vivia em Loulé com os meus pais, quando conheci o António Aleixo.
Brincava naquela azinhaga, junto das bicas, com o filho do poeta que, na altura, trabalhava numa olaria ali existente. Recordo o António Aleixo por me ter feito um mealheiro de barro, tendo assistido à sua confecção na roda do oleiro.
E recordo, também, ter ido com o filho ao cinema, lá para cima para a geral, para assistirmos à entrega do 1º prémio, com que foi agraciado pela poesia que concorreu. Não me recordo se eram quadras.
O Júri, quando o viu entrar no palco, um deles murmurou “parece um ladrão”. E ele ouviu.
Quando lhe entregaram o prémio, perguntaram-lhe se queria dizer algumas palavras, tendo respondido que não sabia fazer discursos, mas que o poderia fazer em verso. Tendo-lhe dito que sim e, porque tinha a grande facultade de “repentista” disse, olhando para a mesa do Júri, a quadra que está no início desta introdução.

O Poeta

António Aleixo, de seu nome António Fernandes Aleixo, nasce em Vila Real de Santo António no dia 18 de Fevereiro de 1899.
Teve vários empregos, a que poderemos chamar de “funções”, tais como, “guardador de cabras”, “cantor de feira em feira”, “soldado”, “polícia”, “tecelão”, “poeta cauteleiro” e trabalhou em França como “servente de pedreiro”

Fui polícia, fui soldado,
Estive fora da nação;
Vendo jogo, guardo gado.
Só me falta ser ladrão.

O Professor Dr Joaquim de Magalhães, que leccionou no Liceu João de Deus em Faro, deu-lhe uma grande ajuda compilando e editando a sua poesia.
O poeta ria-se e dizia:

Não há nenhum milionário
Que seja feliz como eu;
Tenho como secretário
um professor do liceu.

Em sua homenagem, os louletanos, erigiram-lhe um monumento frente ao “Café Calcinha”, que o poeta frequentava, em Loulé. Nesta cidade Algarvia existe a “Fundação António Aleixo”, com o Estatuto de Utilidade Pública, que lhe permite conceder bolsas de estudo aos mais carenciados. O antigo liceu de Portimão tem o seu nome. Em Paço D’Arcos existe uma rua com nome do poeta, em Camarate e em Albufeira. Em S. Paulo, no Brasil, a Escola Poeta António Aleixo no Liceu Católico.
Seria um “espólio Nacional” bastante importante se toda a sua poesia tivesse sido escrita. António Aleixo era considerado um grande “repentista”, não tomando nota das suas criações. A maior parte ficou no esquecimento.
Apesar de analfabeto sabia ler e escrever, mas mal.
Algumas das sua obras, escritas com o arranjo do Professor Joaquim de Magalhães:
- “Este Livro que vos deixo”
- “O Auto do Curandeiro”:
- “O Auto da Vida e da Morte”;
- “O Auto do Ti Jaquim” (incompleto):
- “Inéditos”
Não podemos esquecer nas suas publicações, a grande ajuda do Artista Plástico António Santos, que assinava as suas obras com o pseudónimo de “Tóssan”.
José Rosa Madeira, que também o protegeu contribuindo no lançamento do seu primeiro livro “Quando Começo a Cantar”, obra editada pelo Circulo Cultural do Algarve em 1943.
Como associado do Circulo Cultural do Algarve, que frequentava todas as noites, tive o grato prazer de ter lido esta obra.
A crítica considera António Aleixo um dos poetas Algarvios com maior relevo.
No dia 16 de Novembro de 1949, em Loulé, António Aleixo partiu para a sua última viagem. Faleceu, com a mesma doença que vitimou uma das suas filhas.

CANTINHO DOS MARAFADOS



CANTINHO DOS MARAFADOS
O que faz o mau uso da liberdade.

Essa pergunta foi a vencedora num congresso sobre vida sustentável.

"Todos pensam em deixar um planeta melhor para os nossos filhos... Quando é que pensarão em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"

Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro da própria casa e recebe o exemplo dos seus pais, torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusive em respeitar o planeta onde vive...

António Palmeiro

VOLTANDO AO BRASIL E AOS BRASILEIROS

VOLTANDO AO BRASIL E AOS BRASILEIROS

Para um batismo considero positiva a minha intervenção e as reações à mesma
Sensibilizou-me a clara concordância do António Encarnação, pelo facto dele conhecer todos os problemas associados ao dia a dia de um país cujo ponto mais ao sul (Chuí - faz fronteira com o Uruguai) dista do ponto mais ao norte (Oiapoque - cidade que faz fronteira com a Guiana francesa) mais de 7 700 Km. Será necessário entrar na Sibéria para se encontrar esta distância na Europa.

Relativamente ao comentário do João Brito Sousa, considero de grande utilidade, pois permite-me esclarecer alguns pontos, que na verdade eram susceptiveis de levantar dúvidas.

Caro João
Da discordância nasce a discussão, da discussão saudável, sairá certamente algo de positivo, quiçá a concordância.
A minha inexperiência nestas andanças, pode não me ter permitido ser clarividente como desejaria, mas o meu pensamento, a minha visão do problema, a minha vivência, está no que escrevi.
Só tenho duas opções, parar ou continuar, mas não sendo teimoso, sou perseverante, assim vou continuar e responder ao teu comentário.
Ponto 1 da tua discordância:
- É rigorosamente verdade o que afirmo.
Penso que levantas a questão porque no ponto 2 eu defendo que não venham para cá mais BANDIDOS, obviamente não incluo as pessoas de bem, todo e qualquer cidadão que venha trabalhar ou fazer turismo, ou simplesmente visitar um parente ou um amigo será sempre bem vindo.
Esta reserva existe essencialmente nas pessoas que viveram ou vivem nas grandes metrópoles como por exemplo, Rio de Janeiro ou São Paulo.
São Paulo e os Municípios limítrofes ( Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano e Diadema) Uma especie das cidades dormitórios, junto a Lisboa, têm uma população superior a 25 milhões de pessoas.
Estas cidades, hoje, em quase todos os casos fica dificil definir onde acaba São Paulo e onde elas começam.
Fica dificil ter diferentes conceitos (de povo e de povo) quando somos acordados a meio da noite pelo pranto da vizinha do lado, rodeada por 3 crianças pequenas, porque o marido ao regressar do trabalho foi assaltado e assassinado, ou ao chegares a trabalho verificas que te falta um colega, assassinado num semáforo porque o tentaram assaltar exactamente quando ele vinha para o trabalho. Estes dois eram povo, cidadãos honestos, trabalhadores, cumpridores das suas obrigações para com a sociedade. Os que os assassinaram, não eram certamente povo, eram outra coisa qualquer e se alguem os quizer incluir, eu peço a minha demissão.
Em termos sociológicos o bandido será povo? Para mim não é, é só um bandido e deve ser tratado como tal.
Em Portugal, este rouba e mata é relativamente recente, coincide com a entrada em Portugal de muitos destes marginais, citei o Bairro da Bela Vista em Setúbal e a Costa da Caparica, porque nestas localidades a concentração é nitidamente superior. A esmagadora maioria da população brasileira não se revê nestes seus compatriotas .
Este assunto é muito sensivel, muito pouca gente responsável, faz uma abordagem séria ao problema.
Todos temos presentes ainda, pelo menos os mais velhos, o que foi a "descolonização exemplar". O Brasil nessa época foi uma tábua de salvação, para muitos milhares de portugueses, que acabaram por encontrar, mais uma vez "Porto Seguro".
A minha cédula do Consulado de Portugal em São Paulo, tirada há mais de 30 anos, tem o número 975425, juntem os restantes Consulados no Brasil, considerem os descendentes, já registados como cidadãos brasileiros e façam contas. Considerem agora a possibilidade do aparecimento de um novo Jânio Quadros (esta referência é só para quem conheceu) aí, amigo, Portugal afunda, a Espanha vai atrás e a França fica à tona d`agua.
Dizia David Nasser (ilustre jornalista, musico, compositor) em 1980, dias antes de falecer e no seu ultimo artigo de fundo, na extinta revista Manchete "No Brasil todos somos imigrantes, uns chegaram antes, outros chegaram depois"

Caro João, o que não digo está nas entrelinhas.

Um abraço Costeleta
Antonio Palmeiro

CANTINHO DOS MARAFADOS

CANTINHO DOS MARAFADOS
A arte de Pensar


Lili Caneças, simplesmente não pensa.
Rute Marques pensa que é Grace Kelly.
Paulo Pires pensa que é o Diogo Infante.
Diogo Infante pensa que é Paulo Pires.
Pedro Abrunhosa pensa que é António Variações.
E António Variações já não pensa mais.

Manuel Luís Goucha pensa que é a Teresa Guilherme.
Teresa Guilherme pensa que é a Manuela Moura Guedes.
Manuela Moura Guedes não pensa, quem pensa é o Moniz.

Luís de Matos pensa que é David Copperfield.
Edite Estrela pensa que é Hillary Clinton.
E Ana Malhoa, simplesmente pensa que pensa.

Júlia Pinheiro pensa que é Barbara Walters.
Herman José pensa que tem graça.
Jão Baião pensa que vai ser mãe.
João Pinto pensa que é intelectual.
Belmiro Azevedo , com todo o dinheiro que tem,
pode pensar o que quizer.

Ronaldo pensa que é o número 1
Fernanda Serrano pensa que é atriz
Paulo Portas pensa que é Deus.
E Mourinho tem a certeza!

O teu chefe pensa que estás a trabalhar.

O meu também
Pretendo fazer uma correção!
Esqueci de referir que " A arte de pensar " não é da minha autoria.
Desconheço o autor e tentei perquizar para lhe dar o devido crédito, mas não consegui.
Agradeço que publiquem esta correção,
Obrigado
Antonio Palmeiro
António Viegas

DO CORREIO

DO CORREIO
O Colega António Palmeiro tem muita razão!
O Brasil não pode ser generalizado, mas de facto tenho ultimamente recebido Notícias sobre Brasileiros em Portugal, o que mudou um pouco minha idéia sobre se seria preconceito dos Portugueses sobre emigrantes como o que existiu sobre retornados, Africanos etc.?
No entanto após algumas pesquisas confirmei que não é descriminação!
Há mais de uma dezena de anos quem ganhasse salário no Brasil não tinha hipótese de emigrar para Portugal, já que seria necessário juntar o salário de mais de um ano para pagar a passagem, e nessa forma o fluxo se limitava a pessoas da classe média baixa, ou então a fugitivos da policia que procuravam outras áreas de actuação, extensivo também á prostituição!
Em 1985 perante um advogado brasileiro. alguém que me acompanhava falou sobre Máfia, ao que o mesmo ofendido retrucou “ O Brasil não tem Máfia, tem é Ladrão “ e outras pessoas acrescentaram sobre o facto do Poder do jogo do Bicho que até os ladrões não se intrometiam com os intervenientes! Altura em que até o Banqueiro Ivo Noal emprestava seus Helicópteros á policia para algumas operações .Não é só a Costa da Caparica alvo dos Bandidos Brasileiros , mas quase todo o País, até me afirmaram que o Pior assalto que um cidadão pode ter é o de Brasileiros, já que além de assaltar também matam para não deixar testemunhos!
Aqui sempre que Brasileiros são barrados nos Aeroportos de Lisboa ou Espanha, ficam ofendidos e há cerca de um ano em represália aqui chegaram mesmo a barrar a entrada de Alguns Turistas Espanhóis! É uma realidade que nada tem a ver com as entidades de exportação/emigração, porque mais de metade de brasileiros são emigrantes ilegais.
É lamentável para aqueles emigrantes da mesma Nacionalidade que trabalham honestamente e acabam por ser prejudicados com a fama dos marginais! Sobre o Vídeo da Maite Proença, também ouvi o vídeo das desculpas? me relembraram aqueles entrevistados que ao lhes fazer uma pergunta directa, o entrevistado responde com um tema diferente, que aqui o Brasileiro brinca com tudo até com o Presidente da República não ter cursos superiores etc. é aquela resposta em que gostam de brincar com os outros mas ficam ofendidos quando brincam na mesma forma com eles! Assim que for possível enviarei mais informações sobre este Pais com 27 Estados em que alguns Portugueses conhecem mais do que um percentual superior a 50 % dos Brasileiros.
Saudações Costeletas
António Encarnação